Incêndios no Brasil se intensificaram nos primeiros quatro meses de 2024
O índice é o maior desde quando começou a coleta de dados em 1988
Um número sem precedentes de incêndios florestais no Brasil, com mais de 17 mil casos registrados nos primeiros quatro meses de 2024, acusam que mais da metade deles ocorre na região amazônica.
Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados no dia (2) deste mês, conforme imagens de satélite, que constataram 17.182 incêndios no país, o que representa um aumento de 81% em comparação com o mesmo período de 2023.
Este número é o maior desde que os dados começaram a ser coletados a partir de 1988.
Só na Amazônia brasileira, detentora de mais de 60% da maior floresta tropical do mundo, o Inpe registrou 8.977 incêndios entre janeiro e abril, o maior número desde 2016, um aumento de 153% em relação ao mesmo período do ano de 2023.
Roraima lidera o aumento, com 4.609 incêndios, seguido por Mato Grosso, com 4.131 focos, em sequência o estado do Pará, com 1.058, Maranhão, com 809, Tocantins, com 522, Amazonas com 368, Rondônia, com 214, Acre 25 e Amapá com 6 focos.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) atribui o aumento à influências das mudanças climáticas, que intensificam as secas.
Em muitas regiões, a prática de incêndios é comum no setor agropecuário para ampliar áreas de pastagens e cultivo.
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente justifica: “Os incêndios florestais no Brasil e em outros países da região, como o Chile e Colômbia, são intensificados pela mudança do clima e por um dos El Niños mais fortes da história com estiagens prolongadas em diversas áreas da Amazônia em 2023”.
Para Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, uma rede que agrega mais de cem entidades socioambientais, os dados do primeiro quadrimestre são preocupantes, uma vez que a seca na Amazônia, no cerrado e no pantanal está apenas começando.
A entidade sugere que os impactos da seca extraordinária de 2023 ainda persistem e que a estação chuvosa de 2023/2024 não foi suficiente para umedecer o solo e impedir o fogo. As queimadas estão batendo recordes mesmo com os alertas de desmatamento em queda no cerrado e na Amazônia nos primeiros meses do ano, o que sugere a influência do clima. Se o governo não tomar atitudes mais amplas de prevenção e controle, termos uma catástrofe nos próximos meses”.
Astrini ressalta que é preciso mobilização da União e dos governos dos estados, além de resolver a greve instalada em órgãos ambientais, como o Ibama.
“Mas, infelizmente, o quadro que se desenha é de uma prorrogação indefinida da greve, já que o atual governo preferiu dar aumento à corporação que tentou impedir sua eleição do que aos servidores que entregam um dos seus principais resultados”, comenta Astrini em referência ao reajuste dado à Polícia Rodoviária Federal (PRF).