Famílias de vítimas da tragédia de Brumadinho vão à Alemanha em busca de apoio
O grupo foi recebido pelo Ministério Público de Munique
Membros da Avabrum (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho) estão na Alemanha desde o último dia 13 de maio, onde ficam até a sexta-feira (17) em busca de apoio de órgãos públicos e entidades civis para dar celeridade no processo criminal contra a alemã TÜV-SÜD.
A empresa alemã foi a responsável por emitir laudos técnicos de garantia de estabilidade da barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho, em janeiro de 2019.
A ação criminal foi protocolada por cinco familiares de vítimas do rompimento, contando com o apoio do ECCHR e MISEREOR contra a TÜV SÜD na justiça de Munique desde outubro de 2019.
Representam a associação a vice-presidente Nayara Cristina Dias Porto Ferreira, Josiane de Oliveira Melo e advogados dos familiares, Danilo Chammas e Thabata Pena Pereira, além da coordenadora executiva do projeto Legado de Brumadinho, Luciana Veloso.
O grupo foi recebido pelo Ministério Público de Munique, que fiscaliza a ação criminal no país, na segunda-feira (13), e na quarta-feira (15), fez uma manifestação em frente à sede da TÜV SÜD, na sequência promoveu debates sobre o rompimento e consequências da impunidade. Nesta quinta-feira (16), o grupo estará no Parlamento Alemão e, na sexta-feira (17), último dia da visita, vai se encontrar com representantes da Iniciativa da Lei da Devida Diligência da União Europeia, sobre sustentabilidade e respeito dos direitos humanos nas cadeias de valor das empresas.
Investigações da Polícia Federal, do Ministério Público de Minas Gerais, do Ministério Público Federal e de cinco CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito), apontam que a TÜV SÜD tinha conhecimento do baixo nível de segurança da barragem, mas cedeu à pressão da Vale para emitir a certificação. Informações públicas indicam que a empresa alemã teria aceitado um trabalho de consultoria milionário com a Vale, pouco antes da certificação da barragem.
Trecho de um e-mail, de maio de 18, apreendido pelas autoridades e juntado ao processo contra a empresa na Justiça brasileira, o representante da certificadora, Makoto Namba, afirma que o fator estabilidade da barragem seria inferior ao mínimo de 1,3.