Rodovias públicas registram mais acidentes do que as concedidas, segundo estudo
Só em 2023, foram registrados quase 65,2 mil acidentes, uma média de praticamente 179 por dia nessas vias
Os dados publicados em um estudo feito pela Fundação Dom Cabral (FDC) mostram que dirigir em rodovias públicas é mais perigoso do que nas concedidas à iniciativa privada. Segundo o estudo publicado nesta sexta-feira (14), que avalia registros de acidentes de trânsito nas rodovias federais de 2018 a 2023, ocorreram cerca de 377,7 mil acidentes, 210,1 mil nas rodovias públicas e 167,6 nas concedidas.
Só em 2023, foram registrados quase 65,2 mil acidentes, uma média de praticamente 179 por dia nessas vias. O problema é maior nas rodovias sob gestão pública, onde a taxa de acidentes, inclusive graves, é três vezes maior do que nas concedidas à iniciativa privada.
A pesquisa levou em consideração a intensidade do trânsito em cada trecho para chegar à taxa de acidentes em cada categoria de via e também à taxa de severidade dessas ocorrências, isto é, o quão graves foram as ocorrências. Nos dois cenários, os números foram pelo menos três vezes maiores nas rodovias públicas do que nas concedidas à iniciativa privada.
Aumento de acidentes
Segundo o estudo, ao longo dos últimos seis anos, o número de acidentes de trânsito aumentou nas rodovias concedidas, assim como as Taxas de Acidente e a Taxa de Severidade, e diminuiu nas que estão sob gestão pública, incluindo a redução das devidas taxas. Em 2018, foram 28.845 acidentes nas rodovias concedidas, já em 2023 subiu para 30.526, um aumento de 5,8%.
Quando observada a rodovia sob gestão pública, os acidentes caíram de 36.880 para 34.650, representando uma queda de 6%. “Essas evoluções fazem parte da dinâmica do tráfego, cujos volumes englobam um período de cinco anos, considerando a dispersão do efeito da pandemia e já incluindo a significativa transferência, nos últimos anos, de rodovias da gestão pública para a iniciativa privada, cujos investimentos ainda não surtiram o efeito esperado. Outro ponto importante é o crescimento de acidentes envolvendo vulneráveis (bicicletas, pedestres, etc.), principalmente em travessias de áreas urbanas, que têm grande presença em trechos concedidos”, explica Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da Fundação Dom Cabral.
Conclusão da pesquisa
O estudo concluiu que, nos anos de 2022 e 2023, as rodovias federais sob gestão pública continuaram com maior periculosidade do que as concedidas à iniciativa privada. Enquanto o montante de acidentes registrados na parcela da rede sob gestão pública foi apenas 13,5% maior do que o da rede sob concessão, as rodovias sob gestão pública se mostraram, no conjunto, cerca de 3,2 vezes “mais perigosas” do que as administradas por meio de concessão à iniciativa privada, tomando como referência as respectivas taxas médias de acidentes e de severidade no biênio agora estudado.
“Nas rodovias concedidas, há obrigatoriedade de investimentos para redução do número de acidentes e da severidade deles. Isso faz muita diferença, porque na gestão pública não há essa obrigatoriedade”, afirma o coordenador Paulo Resende.