Estudo mostra que quase 80% das pessoas trans e travestis mortas em Minas Gerais são negras
Entre as 89 mortes violentas consumadas, 74,6% eram de pessoas negras
O Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBTQIA+ (NUH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgou, nessa segunda-feira (1º) que, entre 2014 e 2022, foram identificadas 151 homicídios tentados e consumados contra trans e travestis em Minas Gerais. Desses 151 registros, 58,9% dos casos resultaram em mortes violentas, enquanto o restante foi registrado como tentativa.
O estudo é resultado de parceria entre o núcleo e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Coordenadoria de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (CCrad). Entre as 89 mortes violentas consumadas, 74,6% eram de pessoas negras e 39,3% tinham entre 18 e 29 anos. Para chegar a esses números, os pesquisadores realizaram uma imersão nos Registros de Eventos de Defesa Social (Reds) da Polícia Civil e cruzou esses dados com notificações comunitárias organizadas por movimentos sociais, notícias da imprensa e outras estatísticas governamentais e de centros de pesquisa.
“Os movimentos sociais há muitos anos produzem informações que são muito parecidas com as nossas. Então está consolidado esse perfil. Se mata mais pessoas trans negras abaixo de 30 anos do que qualquer outro grupo social no Brasil”, crava o coordenador do NUH, Marco Aurélio Máximo Prado.
Ele explica que a violência extrema contra este grupo está relacionada à dificuldade de acesso a instituições de assistência social, saúde, educação e segurança, o que coloca as jovens trans negras em situação de extrema vulnerabilidade e facilita a ação de agressores. “Se a gente quiser sair dessa situação horrorosa, nosso foco precisa estar em trans e travestis pretas em situação de vulnerabilidade”, explica o professor.
O estudo completo pode ser acessado no site do NUH.
*Com informações do MPMG