Rayssa Leal é bronze no skate e conquista medalha olímpica com manobra incrível no fim
A brasileira aparentou um pouco de nervosismo, mas conseguiu se recompor na segunda rodada para mostrar o foco e estilo de sempre
O talento das skatistas japonesas se colocou no caminho do fenômeno Rayssa Leal em sua busca pela segunda medalha olímpica, durante as finais da modalidade street nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, mas não a impediu de subir ao pódio novamente. Igualmente talentosa e de estilo inconfundível, a brasileira de 16 anos passou a maior parte da disputa fora das três primeiras posições, mas uma manobra incrível na última tentativa a levou a conquistar o bronze.
O ouro e a prata ficaram com o Japão. Coco Yoshizawa teve a maior nota da história do skate na Olimpíada, feito que era de Rayssa, ao anotar 96,49 e foi a primeira colocada com pontuação total de 272,75, seguida pela compatriota Liz Akama, que ficou com 265,95. Já a skatista do Brasil teve 253,37 com o somatório final.
Primeira mulher campeã da Liga Mundial de Street e ícone da modalidade, a brasileira Letícia Bufoni foi para a pista, sem skate, em uma breve cerimônia para decretar aberta a final. Antes disso, participava das transmissões da Rede Globo como repórter, ao mesmo tempo em que dava dicas para Rayssa, de quem é muito próxima.
A maranhense de 16 anos veio de uma campanha de recuperação desde as semifinais. Depois de notas mais baixas que o esperado na etapa de voltas, recuperou-se na etapa de manobras, inclusive cravando a nota mais alta até então da história das olimpíadas, um 92,68, para chegar à decisão.
A disputa do skate olímpico funciona da seguinte forma: as competidoras correm duas voltas de 45 minutos e apenas a mais alta conta; depois, são cinco tentativas de manobras, das quais são validadas as duas mais altas.
Na final, a volta inicial de Rayssa foi consistente. Como de costume, ela explorou muito bem suas variações de manobras nos corrimões. Embora tenha cometido um erro no começo, se recuperou e fechou a apresentação por cima dos dez degraus da escadaria mais longa da pista para cravar nota 71,66. Em seguida, observou a australiana Chloe Covell quase alcançá-la, com 70,33. Última na ordem da pista, a japonesa Coco Yoshizawa, melhor skatista das semifinais, foi a única a ultrapassar a brasileira, ao anotar 85,02.
Mais erros foram cometidos por Rayssa na segunda volta do que na primeira. Ela abriu a disputa errando a tentativa de um flip e também quando tentou encaixar manobra no corrimão após giro 360. Dessa forma, fechou apenas com um 34,70, nota descartada, portanto foi para a etapa das manobras únicas com 71,66 pontos. À frente dela, ficaram o trio japonês Liz Akama (89,26), Coco Yoshizawa (86,80) Funa Nakayama (79,77) e a americana Paige Heyn (76,41).
O início da disputa de manobras únicas foi de muitas quedas, inclusive para Rayssa, que errou a manobra e não pontuou. Ao fim da primeira rodada, apenas Akama (92,62), Chenxi (86,98) e Poe Pison (87,73) pontuaram.
A brasileira aparentou um pouco de nervosismo, mas conseguiu se recompor na segunda rodada para mostrar o foco e estilo de sempre. Foi assim que veio um flip para deslizar no corrimão rumo aos 92,88, a maior nota do dia, superando os 92,68 conquistados por ela mesma na semifinal. Mesmo assim, terminou a rodada em quinto lugar da classificação geral.
A excelente avaliação de Rayssa foi seguida por um novo erro, na terceira tentativa, zerando novamente. O mesmo se repetiu na quarta manobra, o que a fez chegar na última tentativa em quinto lugar, mas ainda com chances de conseguir subir ao pódio.
A situação se complicou, quando na mesma rodada, Coco Yoshizawa fez 96,49, superando a brasileira como dona da maior nota da história. Ainda em quinto na classificação geral, Rayssa foi para a última tentativa. Chamou a torcida, que gritou enlouquecidamente e a viu deslizar pelo corrimão, após um flip, para obter 88,33. Assim, subiu para terceiro lugar e de lá não foi mais retirada.