Reeleição de Maduro: mais venezuelanos podem deixar o país em 2025

A Colômbia registrou, até fevereiro deste ano, a presença de 2,8 milhões de venezuelanos em seu território

Reeleição de Maduro: mais venezuelanos podem deixar o país em 2025
Foto: Foto: Ricardo Stuckert/PR/Flickr

Pesquisa realizada pelo instituto venezuelano Meganalisis, entre 8 e 12 de agosto, indica que 43,2% dos entrevistados pretendem abandonar o país após a oficialização da reeleição de Nicolás Maduro pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em 28 de julho.

Mais de mil entrevistados responderam a nove perguntas feitas por telefone na capital, Caracas, e nos 23 estados do país.

O resultado da pesquisa tem confiabilidade de 95% segundo o instituto e revela a preocupação de dirigentes das cidades e vilas localizadas ao longo dos 2.341 quilômetros de fronteira entre a Venezuela e a Colômbia, que já passaram por intenso processo de migração. A Colômbia registrou, até fevereiro, a presença de mais de 2,8 milhões de venezuelanos em seu território, fugidos da crise no país vizinho.

Jorge Acevedo, prefeito de Cúcuta, cidade fronteiriça do nordeste da Colômbia, disse em entrevista à imprensa local: “É possível que haja uma mobilização migratória. Tudo depende de como se desenvolvem as situações na Venezuela. Cúcuta já teve experiências em outras situações no atendimento a migrantes e estamos nos preparando para esta possível onda de venezuelanos. Esperamos que isso não exceda as capacidades e não seja maior do que o que aconteceu em 2015 e nos anos anteriores”.

O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, afirmou que ainda não há declaração de emergência fronteiriça para enfrentar uma possível nova onda migratória. “São expectativas que ainda não têm fundamento”

Em seu perfil no X (antigo Twitter), o presidente colombiano Gustavo Petro, em 15 de agosto, se manifestou sobre essa possibilidade.

“Um acordo político interno na Venezuela é o melhor caminho para a paz. Depende apenas dos venezuelanos. Da nossa parte, as populações fronteiriças podem sentir-se calmas. As fronteiras permanecerão abertas para melhorar a prosperidade comum do nosso povo”.

A Colômbia é, para os venezuelanos, não somente um país de destino, mas um caminho que leva a outros países do continente e permite chegar aos Estados Unidos atravessando a perigosa rota de Darién.

Rafael Páez, venezuelano que vive na Colômbia, e faz parte da ONG Vente Venezuela, disse à CNN: “Muitos arriscam suas vidas em busca de um futuro melhor para si e para as famílias. Os registros das pessoas que morreram ficam aquém da magnitude dessa tragédia. E se as coisas não melhorarem na Venezuela, muitos mais sairão desesperados pela situação”.

Dados da Provedoria de Justiça colombiana ressaltam que em 2023, cerca de 520 mil pessoas de nacionalidades diversas arriscaram atravessar o chamado Darién Gap, inclusive venezuelanos com crianças nos braços e famílias inteiras em péssimas condições de saúde, tentando atravessar uma selva densa e perigosa a caminho do Panamá, onde os controles de imigração foram intensificados a partir da posse do novo presidente Joé Raul Mulino.

O analista Oscar Montes, colunista do jornal El Herado, disse à CNN: “O que temos que verificar é se a Colômbia está realmente preparada para receber uma nova onda de migrantes. Os recursos disponíveis são escassos e a comunidade internacional não está alocando o suficiente para uma situação humanitária de alto impacto na fronteira. Muitos problemas sociais não resolvidos e o Governo diz que não há dinheiro, e até se fala em uma nova reforma fiscal. Se não houver solução na Venezuela, a Colômbia será, sem dúvida, o país mais afetado”.

* Fonte: CNN Brasil