Trump pode deportar 230 mil brasileiros irregulares nos Estados Unidos
Dados do Ministério das Relações Exteriores apontam que 1,9 milhão de brasileiros residem no país
Uma das mais fortes promessas de Donald Trump em sua campanha à Presidência dos Estados Unidos, a deportação de imigrantes ilegais em território americano, vai afetar pelo menos 230 mil brasileiros morando irregularmente no país.
Esse número é resultado de um levantamento do PeW Research Center publicado em julho deste ano e referente a 2022. O número contabiliza um aumento de 30 mil em relação a 2023.
Dados do Ministério das Relações Exteriores indicam que cerca de 1,9 milhão de brasileiros residem no país.
Portugal é o segundo país mais procurado por brasileiros, cerca de 360 mil pessoas. O Paraguai é o terceiro país com mais brasileiros, com cerca de 254 mil imigrantes.
Rodrigo Costa, CEO da Viva América (organização que oferece experiência jurídica a clientes que pretendam obter o Green Card para trabalhar ou estudar nos EUA), entende que os brasileiros não têm que se preocupar com deportação enquanto puderem comprovar que utilizam o visto para exercer trabalho ou estudo em solo norte-americano, mas adverte: “O grande desafio da imigração é manter seu status válido. Imigrantes não documentados vão sofrer pressão real, como é o caso de estrangeiros que entraram no país com visto de turista ou de maneira ilegal e fixaram residência”.
Costa afirma que há carência de mão de obra nos Estados Unidos e, portanto, há vagas disponíveis no mercado que não são preenchidas pelos americanos.
De acordo com o Viva América, os EUA precisam de profissionais nas áreas de Tecnologia e Informação, engenharia, energia, logística e saúde.
Costa adverte que o Green Card não representa cidadania, mas dá ao imigrante a condição de acessar alguns direitos, como educação pública e previdência social, mas não o define como cidadão americano; “é uma etapa anterior à cidadania plena”.
O Departamento de Segurança Interna norte-americana aponta que o Brasil foi o Décimo pais que mais recebeu green cards e 28.050 documentos foram emitidos no último ano, o mais alto na história.
Segundo a revista Time, Trump tem por objetivo a expulsão de ao menos 11 milhões de imigrantes ilegais, realizando as expulsões sem passar por audiências, exigidas por lei, encurtando os processos de deportação.
No entanto, a remoção em massa de imigrantes ilegais teria um custo elevado e que poderia até levar o país a uma instabilidade econômica, em especial a indústrias fortemente dependentes da mão de obra dos ilegais, como a agricultura e o turismo.
Para a deportação de um milhão de imigrantes ilegais por ano, o custo seria de US$ 88 bilhões (R$ 502,3 bilhões) ou US$ 967,9 bilhões (R$ 5,5 trilhões) em 10 anos de expulsão, conforme relatório do Conselho Americano de Imigração.
Trump pretende utilizar as tropas federais na fronteira sul do país, que limita com a América Latina, onde os militares teriam autonomia para prender imigrantes.
Além disso, Trump quer ampliar o número de centros de detenção, que até o ano de 2021, detinham mais de 20 mil crianças.
Reportagem da BBC acusou que nesses centros as crianças estavam expostas a baixas temperaturas, doenças, negligência, piolhos e sujeira.
Como estratégia para localizar imigrantes ilegais, os agentes de deportação iriam aos locais de trabalho para sua identificação e prisão, desestimulando indústrias na contratação desses ilegais, beneficiando a mão de obra americana; contudo, a medida poderia afetar as economias locais.
Para conter a crescente invasão do território americano, Trump pretende expandir o muro na fronteira com o México, um dos maiores portais de entrada no país.
Em seu primeiro mandato, Trump construiu 804 km na fronteira que tem a extensão de 3,1 mil km com o país vizinho.
* Fonte: UOL