Enem 2024: Apenas 12 estudantes alcançaram nota mil na redação; confira a análise dos resultados
Nesta edição a nota média brasileira de redação foi de 660 pontos, de acordo com o Inep
Na última segunda-feira, (13), o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgaram os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesta edição, o número de notas máximas alcançadas na prova de redação foi o menor de toda a história. O portal DeFato Online conversou com uma especialista em redação para explorar os fatores que influenciaram esta situação.
O Enem 2024 manteve o padrão de diversidade nos temas abordados, com destaque para a redação, que exigiu dos candidatos reflexão crítica sobre o tema ‘Desafios para a valorização da herança africana no Brasil’.
Com base nos dados fornecidos pelo Inep, a nota média de redação foi 660, apresentando um aproveitamento maior de 15 pontos em relação ao ano anterior. Contudo, ainda assim, esse resultado reflete uma avaliação mediana para ingressar nas principais universidades. Notas mais altas apresentaram uma queda significativa.
O resultado máximo, de 1000 pontos, caiu cerca de 80% em relação às outras edições do exame educacional, sendo considerada a menor quantidade em toda a história do Enem.
Análise da especialista
Tainá Nínive é mestre em estudos linguísticos, especialista em leitura e produção textual, e licenciada em letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em Itabira, ela atua há quase 15 anos em escolas particulares, além de ter uma sala de cursos preparatórios para o Enem e outros vestibulares, a Salinha da Tainá.
Para ela, que também já fez parte da banca corretora do exame, essa redução ocorreu devido às mudanças no processo de correção dos textos, tornando-se mais rigoroso. Tainá conta que os coordenadores têm se atentado às “fórmulas prontas” e aos famosos “repertórios de bolso” que são disseminados na internet.
“Essa é uma tendência e levanta o olhar para a importância de não se buscar atalhos, mas sim um ensino efetivo da produção textual”, explica a especialista.
Tainá comentou que o processo de correção é bastante justo, uma vez que os avaliadores levam em conta cinco áreas de conhecimento: domínio da escrita formal, compreensão do tema, interpretação de informações, construção de argumentação em defesa de um ponto de vista e respeito aos direitos humanos. Desse modo, o estudante precisa cumprir critérios específicos e que possibilitam uma correção imparcial.
“Escrever é pensar o mundo por meio de palavras. Não é uma receita pronta e decorada. A internet e toda a sua “facilidade” têm feito com que muitas vozes ganhem ares de professor”, acrescenta Tainá.
A especialista em leitura e produção textual avaliou que o tema de redação deste ano foi objetivo. Ela destacou que o maior desafio dos participantes pode ter sido conciliar a escrita do texto com as outras 90 questões objetivas, o que é bastante comum.
“O Enem é uma prova de resistência, grande e cansativa, é preciso estratégia certa e gestão de tempo para encarar esse desafio”, comenta.
Estratégias para melhorar o desempenho
A redação do Enem não exige apenas o domínio da norma culta; é preciso uma boa habilidade argumentativa para defender um ponto de vista de forma coesa e clara.
Para quem se sente inseguro em construir seus argumentos, Tainá recomenda praticar a escrita constantemente.
Para ela, o primeiro passo é entender completamente o enunciado da proposta de redação. Além disso, a leitura dos textos motivadores é uma etapa fundamental. Eles oferecem o contexto necessário para argumentar de maneira fundamentada. A análise crítica das informações, somada a uma boa interpretação do que foi proposto, facilita a construção de uma argumentação mais consistente.
“É preciso ler com atenção tudo o que foi colocado ali, afinal cada texto e comando foram selecionados para fazer o candidato entender melhor a problemática”, explica Tainá Nínive.
Oportunidades com a nota do Enem
Com a nota em mãos, os candidatos podem se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), concorrer a bolsas de estudos pelo ProUni ou solicitar financiamento estudantil pelo FIES. Além disso, instituições privadas oferecem descontos e bolsas com base no desempenho no exame.
As inscrições para o Sisu serão liberadas na próxima sexta-feira (17). As datas para adesão nos demais programas estudantis de ingresso ao ensino superior ainda serão divulgadas pelo Inep.