Vale transforma dormentes usados da EFVM em carvão vegetal de alta qualidade para siderúrgicas

A Vale desenvolveu um projeto inédito no Brasil que transforma dormentes usados da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) em carvão vegetal de alta qualidade, vendido a siderúrgicas. Até então, a destinação sustentável desse material limitava-se ao uso como peças de decoração, pavimentação e mourão para cercas, um mercado ainda muito restrito diante da […]

A Vale desenvolveu um projeto inédito no Brasil que transforma dormentes usados da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) em carvão vegetal de alta qualidade, vendido a siderúrgicas. Até então, a destinação sustentável desse material limitava-se ao uso como peças de decoração, pavimentação e mourão para cercas, um mercado ainda muito restrito diante da geração anual deste material. Outra solução era a incineração total do material através de empresas terceirizadas especializadas nesse tipo de processo.

Com a nova solução, desenvolvida em parceria com uma empresa do Espírito Santo, a EFVM pretende eliminar o atual passivo de 30 mil toneladas de dormentes. O contrato prevê o fornecimento de 72 mil toneladas do material ao longo de 53 meses à empresa, que construiu uma fábrica em Aracruz (ES) para recebê-lo e processá-lo.

O projeto vai gerar uma economia de R$ 10 milhões para a Vale, com o corte do custo de pagamento de frete para o transporte das peças usadas e sua destruição. Além disso, será gerada uma receita de R$ 180 mil à Vale durante o período de vigência do contrato.

A título de comparação, seria necessário dispor de uma área de 35 km², com 200 mil pés de eucaliptos plantados, para produzir a mesma quantidade de carvão vegetal gerada com a queima das 72 mil toneladas de dormentes contratadas. O processo evita também o gasto de 16 milhões de litros de água, usadas na manutenção do ciclo de colheita de sete anos do eucalipto.

Inovação

O projeto inova ao incentivar o empreendorismo local a partir dos resíduos gerados pela Vale, transformando resíduos em insumos para novos processos produtivos, gerando empregos, renda e investimentos em novas tecnologias de reciclagem.

O primeiro passo para a produção do carvão vegetal é o controle do processo de carbonização dos dormentes, realizada em fornos fechados especialmente desenvolvidos para esta atividade. Uma incineração incorreta deste tipo de material pode ser perigosa, pois os dormentes podem conter resquícios de produtos químicos utilizados em seu tratamento para aumentar sua vida útil na ferrovia.

O projeto conta com um sistema de controle de emissões que utiliza uma tecnologia inovadora para evitar a emissão de gases tóxicos no ambiente, sendo resfriados rapidamente e tratados. Só então, são liberados para a atmosfera sem perigo à saúde humana.

Além disso, todo o processo é monitorado periodicamente através de amostragem na chaminé, garantindo que o sistema seja operado respeitando o meio ambiente. A parceria entre a Vale e o fornecedor prevê ainda o rastreamento total do material, desde o local onde ele está estocado até a sua transformação em carvão vegetal, eliminando, assim, a possibilidade da utilização incorreta dos dormentes.