Pesquisa com antibióticos rende reconhecimento internacional a médica itabirana
Andrea Maria Assis Cabral quebrou um jejum de 12 anos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
A médica Infectologista Andrea Maria Assis Cabral conquistou grande reconhecimento internacional em Boston, nos Estados Unidos, ao apresentar para os melhores profissionais da área no mundo uma pesquisa realizada por ela e sua equipe no Hospital Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Há 12 anos a instituição não conseguia inscrever um trabalho no congresso, o Interscience Conference on Antimicrobial Agents and Chemotherapy (ICAAC).
A itabirana, junto de sua equipe, participou de uma pesquisa que comparou dois antibióticos: o cefepime e o piperacillin-tazobactam. O primeiro deles é mais barato e já está há bastante tempo no mercado. Porém apesar do segundo ter um custo maior, vem sendo amplamente utilizado com o propósito de ser melhor no combate às infecções.
O trabalho da itabirana mostrou, no entanto, uma realidade diferente da que pregava a indústria dos remédios. Os testes dos antibióticos, usados em infecções graves, foram feitos em quase dois mil pacientes internados no Hospital Universitário Pedro Ernesto. O resultado comprovou o que já propunham pesquisas semelhantes em outros países: tão eficaz quanto o segundo, o Cefepime tem um cursto menor e desenvolve menos resistência bacteriana, o que diminui a probabilidade do surgimento de superbactérias dentro dos hospitais.
“Ao saberem que meu trabalho havia sido aprovado, foi um ‘auê’ na universidade. Eu realmente não esperava. Fui convidada a apresentar o trabalho oral e eles me encheram de perguntas. Não tinha ninguém da América Latina lá; só pessoas da Grécia, França, Estados Unidos. Foi fantástico”, conta a médica.
O resultado foi como uma injeção de ânimo. Agora, Andrea – que já era fascinada com a área da infectologia – está ainda mais dedicada às pesquisas. Este ano, ela vai apresentar outros três estudos sobre HIV em Belgrado, na Sérvia, em outro encontro de renome internacional na área da medicina.
Inspiração familiar
Antes de ser infectologista, Andrea Cabral, filha de Eduardo Cabral – natural de Santa Maria de Itabira, mas itabirano de coração – pretendia seguir carreia pediátrica, em meados de 2006. Mas no Rio de Janeiro, segundo ela, é muito difícil ser pediatra. “É bom a gente ver crianças sadias. Mas atender crianças que sofrem de maus tratos e são vítimas de abusos é muito complicado”, narra.
Quando já havia desistido da medicina infantil, seu pai teve uma endocardite (infecção no coração) e precisou ser internado. Andrea passou, então, a estudar a fundo as infecções e ficou admirada com a importância do trabalho dos médicos que cuidaram de seu pai. Começou aí a paixão pela infectologia. Agora, a ilustre itabirana, que quebrou o jejum de 12 anos de uma das mais importantes universidades do Rio de Janeiro e do Brasil, faz mestrado no Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) e quer repassar seus conhecimentos adiante.