Alcides Escolástico: “O plano de governo é minha Bíblia”
Alcides Escolástico, secretário municipal de Saúde
A promessa do prefeito João Izael, de transformar a saúde de Itabira em referência nacional, será cumprida passo a passo, apesar da crise, da redução da arrecadação e diminuição de gastos, segundo o secretário municipal de Saúde, Alcides Escolástico Gonçalves. Aos 61 anos, ele diz estar envolvido integralmente com a área e apaixonado pelo trabalho: “Vivo 24 horas para a saúde”. Em entrevista concedida a DeFato nessa sexta-feira, 6 de março, o secretário contou que Itabira está num patamar acima do nível de grandes capitais. O maior desafio, segundo ele, é a falta de médicos para os PSFs, mas medidas já estão sendo tomadas para resolver a questão.
Escolástico é bacharel em Ciências Exatas e Matemática, pós-graduado em Administração de Sistemas de Informação, em Matemática e em Finanças, e mestre em Administração com ênfase em Administração Pública. Possui experiência em mecânica, engenharia de sistemas, administração bancária e na área pública. Assumiu em março de 2005, a convite do prefeito João Izael, a auditoria e controle do município. Em janeiro de 2009 passou a ser secretário de saúde.
Como está sendo o trabalho na saúde? Foi um desafio aceitar o cargo?
Costumo repetir que o maior desafio que qualquer pessoa tem é o de nascer: deixar o aconchego do ventre materno e ir para um mundo desconhecido. Por isso que todos nascem chorando. O desafio que estou assumindo agora com certeza é mais fácil do que nascer. É de grande porte, mas acho quer todas as secretarias são. Depende do foco que cada um vai colocar. Mas vou fazer o melhor e não vai faltar disposição da minha parte.
O senhor tem visitado as áreas de atendimentos, como os hospitais?
Visito com regularidade todas as unidades de saúde. No primeiro momento, assim que assumi a secretaria, tive de tomar pé da situação. Embora estivesse já no governo, eu tinha um conhecimento do município como um todo, até pelo fato de estar numa secretaria que lidava com todas as demais: a de controladoria e auditoria. Isso fazia com que eu lidasse com todas e tivesse uma visão geral. Percebemos que a equipe é muito boa. O que temos é um problema de gestão. O que precisa trabalhar aqui chama-se administrar. Costumo brincar com os técnicos e médicos que eles sabem curar e eu sei administrar. A diferença é que eu não pretendo aprender curar e eles podem aprender a administrar.
Tenho feito reuniões gerenciais todas as terças-feiras para passar a limpo o que aconteceu na semana e colocar os passos da semana seguinte. E o que a gente faz nessas reuniões é motivação. Eu passei as três primeiras semanas só com reuniões motivacionais. Isso eu aprendi bastante, pois trabalhei a vida inteira como administrador.
Como o senhor avalia a saúde hoje e o que está sendo feito para melhorar?
Na verdade, se nos fôssemos comparar a saúde de Itabira com o resto do Brasil, vamos verificar que o patamar em que estamos é acima do de muitas capitais. Claro que temos dificuldades, como todo mundo, mas é como Corpo de Bombeiros: todo dia tem que apagar alguns incêndios (…).
E o problema da falta de médicos nos PSFs?
O PSF é um desafio muito grande para nós e precisa de políticas públicas mais bem elaboradas, que não dependem só de Itabira; dependem de um todo. Estive essa semana na Secretaria de Estado de Saúde; vou estar num encontro com o secretário de saúde novamente e vou levar uma proposta, que será encaminhada também às universidades públicas. A ideia é que o MEC tome providências para que os médicos formados em universidades públicas tenham o compromisso de prestar serviço no setor público por pelo menos um ano. Se isso acontecesse, não teríamos municípios com as dificuldades que estão tendo hoje.
Essa é sua maior preocupação?
O PSF é uma das maiores preocupações que temos, que na verdade tem de se chamar ESF (Estratégia de Saúde da Família), porque é uma iniciativa que veio para ficar. Vamos redimensionar, recolocar, remapear a população. Um trabalho que não se faz de um dia para outro, para melhorarmos o atendimento. Hoje temos 27 unidades e mais uma no ponto de começar a funcionar, e estão faltando 14 médicos. São muitos. Quando assumi, tinham 26 [PSFs] e faltavam 16 médicos. Então já começamos a ter algum ganho e o trabalho vai ser constante para tentar trazer mais profissionais para o município.
Como fica a saúde referência nacional com a queda na arrecadação e redução de gastos?
Na verdade, o prefeito João, em momento algum quer que reduza custo social. Ele pode deixar de fazer uma obra que esteja no plano de governo, mas não vai deixar a saúde penar. Claro que a gente precisa reduzir custo na saúde também, mas sem afetar o social. Precisamos otimizar o recuso com criatividade. A crise é só tirar o s que vira crie.
Quais medidas estão sendo tomadas?
O plano de governo do João é minha bíblia. Nessas reuniões gerenciais que acontecem todas as semanas, lidamos com um item que é estabelecer metas e prazos. Naturalmente o plano prevê que termine os quatro anos com uma saúde referência nacional. Claro que estamos fazendo o caminho que deve ser feito com pé no chão. Vamos subir a escada degrau a degrau. Converso muito com o pessoal daqui através de metáforas. Quando saio daqui para BH à noite, eu acendo o farol, mas ainda não enxergo o destino. Vou visualizado a próxima curva ou os próximos 100 metros. Então, o plano de governo é isso: farol aceso e pé no chão, andando com segurança, 100 metros de cada vez.
E o concurso? Como estão os processos?
Ele está sendo elaborado. Não é tão fácil colocar um concurso na praça. Temos de verificar com muito cuidado as vagas existentes para não colocarmos número exagerado e depois ser obrigado a assumir . Já está tudo bem mapeado e a empresa que vai fazer é a Fundep.