A “aritmética não fecha”, diz Armínio Fraga sobre o arcabouço fiscal

Crítica foi feita ao lado de Fernando Haddad, autor da proposta

A “aritmética não fecha”, diz Armínio Fraga sobre o arcabouço fiscal
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Economista respeitado mundo afora e ex-presidente do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga não está muito animado com o arcabouço fiscal proposto pelo ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad. “A aritmética não fecha”, disse ele, em audiência no Senado nesta quinta-feira (27). Armínio receia que o país possa “desembocar em um grande fiasco”.

“Não é suficiente zerar o déficit público (primário), pois significa que você está tomando dinheiro emprestado para pagar os juros, e o juro é esse que a gente conhece. É fundamental caminhar para um saldo primário maior”. 

O desabafo foi feito ao lado do ministro Haddad, presente ao evento. Fraga defendeu o teto de gastos e fez críticas às ênfases nas receitas previstas pelo novo arcabouço fiscal, e prosseguiu:

“Tudo bem, mas até onde isso vai? A sociedade já percebeu que não dá para ir muito longe e falta espaço. O ajuste necessário é muito maior que um primário de 3% do PIB e maior que o ajuste fiscal. E o fiscal voltado para a solvência do Estado é maior do que está sendo proposto. Quase 80% do gasto público vai para a folha de pagamentos do governo e para a Previdência, e esse é um número completamente fora de qualquer curva do Brasil. É fundamental repensar a nossa Previdência”.

Fraga finaliza dizendo que 2022 foi marcado pela defesa da democracia, e declarou apoio a Lula contra Bolsonaro nas eleições, mas, que agora o Brasil corre o risco de “desembocar em um grande fiasco”.