“A contrapartida da Vale para o município é irrisória”, afirma o presidente da Câmara de Itabira
Carlin Filho critica projeto de ampliação de cavas da minerador e cobra compensações à altura da exploração mineral em Itabira

O presidente da Câmara de Vereadores de Itabira, Carlos Henrique Silva Filho “Carlin Filho” (Solidariedade), fez duras críticas à mineradora Vale diante do pedido de anuência da empresa para ampliar as cavas das minas do Meio e de Conceição. O tema será discutido em uma reunião pública do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema), marcada para a próxima segunda-feira (12), às 17h, no auditório da Prefeitura Municipal.
Carlin Filho afirma que a Câmara está “apreensiva e bastante preocupada” com os impactos do projeto, especialmente diante do cenário de esgotamento das reservas minerais do município. “A contrapartida da empresa Vale com o município é irrisória. A Vale hoje só é o que é por causa de Itabira, isso é fato”, declarou o presidente da Casa Legislativa.
A reunião pública do Codema tem como objetivo dar transparência às discussões, apresentando à comunidade itabirana a proposta da Vale e o parecer técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal (Semapa). A população poderá participar com perguntas, que buscarão esclarecer dúvidas sobre o empreendimento.
Segundo Carlin Filho, a reunião pública é essencial para que os itabiranos compreendam o que está em jogo. Ele lembra que uma das intervenções previstas — o alargamento das cavas das minas — pode agravar a crise hídrica no município. “Você alarga a cava, aprofunda mais e agride mais ainda o lençol freático. A tendência é secar as nascentes dos sitiantes”, alertou.
Outro ponto levantado pelo presidente da Câmara de Vereadores é a instalação de duas novas pilhas de estéril e rejeito, que segundo ele trarão ainda mais prejuízos à saúde da população. “São pilhas que vão agredir mais ainda o nosso ar, que já é um ar poluído. A empresa precisa trazer essa notícia à clara para a população e mostrar que o interesse dela é econômico. Ela não tem interesse com quem reside na cidade”, disparou.
O vereador também denunciou o descaso da mineradora com acordos firmados no passado, citando como exemplo a captação de água do Rio Tanque, prevista na LOC (Licença de Operação Corretiva) desde o ano 2000, mas que só começou a ser cumprida agora, 25 anos depois. “Isso já mostra que a empresa tem total desrespeito com o município”, afirmou.
Por outro lado, Carlin Filho elogiou o posicionamento do Codema ao submeter o projeto à análise pública e destacou que a Câmara está reforçando sua atuação na área ambiental: “Hoje a Comissão do Meio Ambiente é puro sangue. Vamos questionar todas as ações da empresa e cobrar as contrapartidas que ela deixa a desejar”.
A proposta da Vale não prevê aumento da capacidade produtiva, mas pode prolongar as atividades de beneficiamento de minério de ferro por até 19 anos em Itabira. Porém, há muitos questionamentos sobre as contrapartidas que a empresa oferecerá para o município, ainda mais diante dos impactos socioambientais provenientes da atividade minerária.