“A Vale precisa considerar os impactos sociais e humanos”, diz prefeito de Barão de Cocais sobre doação financeira anunciada pela mineradora
O prefeito de Barão de Cocais, Décio Geraldo dos Santos (PV), afirmou à reportagem de DeFato Online nesta quinta-feira, dia 4, que formalizou junto à Vale um pedido para que a mineradora faça uma revisão na forma como serão distribuídos os R$ 100 milhões de ajuda financeira anunciada ontem, dia 3. Barão de Cocais é […]
O prefeito de Barão de Cocais, Décio Geraldo dos Santos (PV), afirmou à reportagem de DeFato Online nesta quinta-feira, dia 4, que formalizou junto à Vale um pedido para que a mineradora faça uma revisão na forma como serão distribuídos os R$ 100 milhões de ajuda financeira anunciada ontem, dia 3.
Barão de Cocais é um dos dez municípios que receberão a doação. Até então, segundo informou o prefeito, a parte de Barão de Cocais está em R$ 2 milhões. “Nessa partilha, a Vale só considerou o volume de produção dos municípios impactados. Mas nós achamos que, para fazer justiça, é preciso considerar o impacto social e humano”, defendeu Décio.
Décio expôs o assunto também em reunião ocorrida na manhã desta quinta-feira com o executivo da Vale, Sérgio Leite. “Sendo Barão de Cocais uma das mais impactadas, a cidade não pode receber apenas 2% do valor total a ser repassado aos municípios”, afirmou.
Produção como critério
Segundo a Vale, a empresa fará o repasse dotal e R$ 100 milhões, a título de doação, para dez municípios mineiros que estão tendo prejuízos com a queda de arrecadação provocada pela paralisação das operações da mineradora. O critério adotado foi a Cfem (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), ou seja, o royaltie gerado a partir da produção de minério de ferro gerada no município.
Para o prefeito Décio, ao definir a Cfem como critério para distribuir a doação, a Vale acaba por prejudicar Barão de Cocais. Isso porque o município está sem minerar desde 2016, quando a Vale desativou a Mina do Gongo Soco. “Os critérios adotados pela Vale não têm nada de humano. Pelo contrário, são critérios frios e baseados apenas em produção e resultados financeiros”, ressaltou Décio.
Ele informou já ter enviado ofício à Assessoria de Relações Institucionais da Vale, por meio de mensagem eletrônica, pedindo a revisão nos critérios. Décio defende que a empresa considere os impactos sociais que os municípios têm sofrido, e que não são medidos pela produção auferida pela empresa. “A Cfem não serve neste caso como critério”, argumenta o prefeito.
Município impactado
Para o prefeito, se uma nova avaliação não for realizada pela Vale, o município de Barão de Cocais sairá muito prejudicado, já que é um dos mais sofreram impacto com os recentes problemas detectados nas barragens da Vale construídas no modelo a montante. Esse é o caso da barragem Sul Superior, que recebe os rejeitos da Mina do Gongo Soco, que fica em Barão de Cocais.
Treinamento de evacuação
No dia 8 de fevereiro, as sirenes de alerta da Sul Superior tocaram com avisos de risco iminente de rompimento. Moradores das comunidades de Socorro, Tabuleiro, Piteiras e Vila do Gongo foram obrigados a deixar tudo para trás e estão, desde então, abrigados em hotéis e casas alugadas pela Vale em Barão de Cocais e Santa Bárbara.
No dia 22 de março, as sirenes da Sul Superior tocaram pela segunda vez, já que o nível de alerta foi elevado de 2 para 3, o máximo na escala.
Este ponto indica que um rompimento pode ocorrer a qualquer momento. Como os moradores mais próximos (zona de autossalvamento) já haviam sido evacuados, o foco passou a ser os cocaenses residentes na chamada “zona secundária”. Essa parcela da população passou, no dia 25, por uma simulação de evacuação.