Venezuela é o primeiro país das américas a perder geleiras

O país anunciou oficialmente o derretimento de sua última geleira

Venezuela é o primeiro país das américas a perder geleiras
Foto: @Vectonauta/Freepik

O La Corona, um dos pontos turísticos mais procurados por visitantes de todo o mundo entre as décadas de 1950 e 1980, e que cobria 4,5 quilômetros quadrados do Parque Nacional de Sierra Nevada, foi reclassificada por cientistas como um simples campo de gelo.

O La Corona ficava próximo do Pico Humboldt, a quase 5 mil metros de altitude e representa um impacto real na vida do país e também do planeta.

Na primeira década do século passado, a Venezuela tinha seis geleiras que cobriam uma área de 1000 quilômetros quadrados e, em 1956, chegou a sediar um campeonato de esqui cross-country nas montanhas de Pico Espejo, no estado de Mérida, hoje somente um pedaço de gelo com 0,4 do seu tamanho original, segundo o professor Julio Cesar Centeno, da Universidade dos Andes, à AFP.

Pelos padrões internacionais, para ser classificada como geleira, é necessário medir ao menos 10 hectares, o que equivale a 0,1 quilômetro quadrado, padrão esse perdido desde 2011 pelo derretimento dos picos El León, La Concha, El Toro e Bolívar.

Pesquisa realizada nos últimos cinco anos acusou uma perda de 98% da cobertura glacial da Venezuela, entre 1953 e 2019.

17% da perda ocorreu nos últimos quatro anos da série analisada.

Autoridades governamentais, numa tentativa de frear o derretimento, tentaram cobrir o que restou do gelo com uma manta de polipropileno, que é utilizada nos países alpinos para proteção das pistas de esqui durante o verão.

A operação envolveu 35 rolos da manta térmica, com 2,57 metros de largura por 80 metros de comprimento, levados ao pico por helicópteros militares. A medida foi considerada ineficaz, visto que somente 2 hectares dos 450 que ligam Humboldt ao pico Bonpland foram preservados.

Para piorar, ambientalistas consideram que o plano tem potencial de contaminar todo o ecossistema do parque, à medida que o protetor começa a se desfazer em microplásticos com o passar dos tempo.

“São microplásticos praticamente invisíveis que vão para o solo e posteriormente para as plantações, para as lagoas, para o ar. Então as pessoas vão acabar comendo e respirando isso”, alerta Centeno.