“Acho que, até agora, só Deus nos salvou”, diz costureira do HNSD
Rosiane do Carmo trabalha no Hospital Nossa Senhora das Dores há 12 anos e nunca se imaginou vivendo uma pandemia
A costureira Rosiane do Carmo Mercês, de 41 anos, trabalha na lavanderia do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), em Itabira, há 12 anos. Ela está na linha de frente do combate à Covid-19. Em um depoimento emocionado à série de vídeos produzida pela DeFato, Rosiane fala do medo da doença e de ondem tira forças para continuar trabalhando.
Ela conta que em todos esses anos de trabalho no hospital já teve diversas funções, mas hoje trabalha como costureira. “Nunca imaginei passar por isso que está acontecendo agora. Quando chegou para gente a notícia da pandemia, eu tive muito medo. Num primeiro momento era aquele pavor do desconhecido. Agora, é a certeza de que realmente está morrendo gente perto de nós. Quem quiser ver, é só ir ali no pronto socorro”, conta.
Para a costureira, um dos maiores problemas está fora das paredes do do hospital. “Acho que, se todo mundo tivesse o medo e o cuidado, creio que não estava aumentando tanto os números de doentes. E nem levando muitas vidas embora”, reforça.
A realidade do trabalho na lavanderia é dura. Com uma rotina corrida e acelerada, Rosiane e seus companheiros de setor precisam lidar com grandes demandas de roupas de cama, toalhas e veste de técnicos, enfermeiros e médicos para serem higienizadas. Mas, eles não estão seguros lá.
“Na lavanderia, por exemplo, estamos com sete pessoas afastadas por Covid-19. A gente, às vezes, está convivendo com a pessoa hoje, e amanhã ela está afastada porque testou positivo. Eu acho, que até agora, só Deus nos salvou. Até hoje, eu nunca testei positivo. Mas, também, eu tenho os meus cuidados: lavo a mão toda hora, passo álcool e nunca dispenso a minha máscara”, explica.
Medo constante
Assim como todos os profissionais que estão na linha de frente de combate à Covid-19, a costureira convive com o medo constante de adoecer, mesmo com um esperança de dias melhores.
“O problema é que está difícil ter essa esperança, principalmente por causa do povo. Eles não estão levando a sério a situação, as pessoas saem de casa à toa, ficam tudo grudadinho no ponto de ônibus, ninguém usando a máscara direito. Enquanto isso, todo mundo aqui já está exausto. Em todos os lugares do hospital a demanda está pesada”, lamenta.
Rosiane conta que o desejo de ajudar os doentes que alimenta as forças para seguir. “Todos os dias, para conseguir vir trabalhar, a gente pensa também nos pacientes que precisam de nós. A gente faz de tudo por eles. Eu acho impossível pensar em exercer minha profissão e largar as outras pessoas sem ajuda. Não dá para ser egoísta. A gente tem que se colocar no lugar do outro e não pode deixar a peteca cair!”, finaliza.
Confira o depoimento de Rosiane do Carmo Mercês.