“Acordei com grito de socorro”, diz vizinho de soterrados em Caratinga
Três membros da mesma família morreram após um deslizamento de terra; Minas já registrou 27 mortes desde o início período chuvoso e números ainda devem aumentar
“Era por volta de 5h quando eu acordei com o grito de socorro vindo à casa da frente. Corri para ver o que era e me deparei com outros vizinhos ainda tentando ajudar. Mas já não dava mais tempo. Já tinha morrido a família inteira”, relatou o entregador José Geraldo de Oliveira, 52, vizinho da casa que foi soterrada por um barranco na manhã desta sexta-feira (18), no bairro Santo Antônio, em Caratinga, região do Rio Doce de Minas Gerais.
Na tragédia morreram Vander Lúcio Batista da Silva, de 41 anos, a filha Beatriz Batista da Silva, de 16, e a companheira do homem, Ronara Silva, de 21. O deslizamento, que atingiu o primeiro andar do imóvel, ocorreu por volta das 5h, horário em que as vítimas ainda estavam dormindo. Segundo Oliveira, os vizinhos tentaram chamar os moradores, mas sem sucesso. Logo em seguida, arrombaram a porta da casa e encontraram as vítimas soterradas.
“Tava todo mundo lá, deitado ainda. Tinha muita terra, pedaço de tijolo, destroço. Já não tinha o que fazer”, lamentou o entregador. “Moro aqui no bairro há 14 anos e nunca vi nada parecido. Agora a gente fica com medo”, concluiu.
Essa é a quarta morte em menos de 24h no estado, em decorrência das chuvas. Na quinta-feira (17), uma mulher de 39 anos foi soterrada enquanto lavava vasilhas em um bar da família
Vítimas da chuva
As mortes em Caratinga e Frei Gaspar ainda serão contabilizadas no balanço da Defesa Civil de Minas Gerais que deverá ser divulgado no sábado (19). No boletim da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil desta sexta (18), constam que Minas tem 27 mortos em decorrência das chuvas.
O boletim mostra ainda que, em 24h, 364 pessoas ficaram desalojadas e 65 desabrigadas, aumentando em 429 o número de pessoas que tiveram que deixar suas casas durante o período chuvoso, que começou em outubro e só acaba em março.
O Estado soma até agora 55.825 pessoas desalojadas – ou seja, que deixaram suas casas e foram para casa de parentes, familiares ou aluguel – e 9.137 desabrigados – pessoas que precisaram deixar suas casas e irem para abrigos da prefeituras por não terem onde se abrigar.
* Conteúdo O Tempo