Afinal, vai ter greve dos caminhoneiros nesse domingo?

Mesmo sem consenso entre as entidades do setor, o número de adesões é maior do que em fevereiro e a greve será mantida

Afinal, vai ter greve dos caminhoneiros nesse domingo?
Foto: Reprodução / Internet

“Vai ter greve dos caminhoneiros?” é um dos termos mais buscados no Google durante esse final de semana. A apreensão dos brasileiros é justificada, já que muitas entidades do setor tem tentado organizar uma paralização do mesmo porte da vista em 2018. Assim, desde o início de julho, uma grande movimentação nas redes sociais criou expectativas de uma greve geral neste domingo (25), a partir da meia noite.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), por exemplo, alegou que são pequenas as chances de haver uma grande adesão por parte dos caminhoneiros. Mas, por outro lado, lideranças importantes dentro da categoria garantem que a greve acontecerá.

A data foi escolhida por por ser o Dia do Motorista. O principal objetivo da categoria é protestar contra o aumento do preços dos combustíveis, sobretudo o diesel. O movimento é liderado pelo Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), com sede no Paraná.

Além de lutarem pelo fim da Política de Preço de Paridade de Importação, aplicado pela Petrobras, e responsável pelos mais de cinco aumentos de combustível desde o inicio de 2021, o CNTRC também reivindica a garantia do piso mínimo de frete.

O que se espera é que a mobilização comece neste domingo e ganhe força nos próximos dias. Desse forma, uma parcela da categoria já decidiu apoiar a interrupção das atividades. É o caso da como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). “Orientamos que se participe dos atos sendo celetista ou autônomo”, disse o secretário nacional de Políticas Sociais e Acessibilidade da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer.

O presidente da Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci, afirmou que a paralisação tem apoio da maior parte dos integrantes dos grupos de WhatsApp dos caminhoneiros. Além disso, já foi confirmada por líderes de regiões, como a Baixada Santista.

Segundo ele, o objetivo é realizar protestos no domingo e organizar pontos de parada e piquete na segunda-feira (26). A continuidade da greve vai depender da adesão. “A adesão está maior, com mais entidades representativas da categoria se posicionando a favor”, explicou.

A greve também terá apoio do Movimento GBN (Galera da Boleia da Normatização Pró-Caminhoneiro). Um dos representantes, Joelmis Correia, disse que vai aderir ao movimento porque os caminhoneiros foram prejudicados por projetos recentes do governo.

Falta consenso

A categoria não está toda de acordo e ainda não há consenso. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), por exemplo, diz que ainda há pouca adesão à paralisação. “A prerrogativa e legalidade de se realizar uma paralisação é um direito do caminhoneiro e formalizada através de assembleia nos sindicatos. Até o presente momento, não temos conhecimento de tal iniciativa por parte de sindicatos ligados ao sistema da nossa Confederação”, disse a CNTA em nota.

A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) também é contra. O assessor da entidade, Bolívar Lopes Brambila, disse que a associação prefere focar em “questões técnicas que possam aumentar o rendimento do caminhoneiro. O aumento dos combustíveis está exagerado e a política internacional de preços é absurda para o Brasil, mas tentamos buscar alternativas junto ao governo que melhorem a situação”, afirmou.

Greve em Minas

O Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logísticas do Estado de Minas Gerais (Setcemg) se manifestou dizendo que não há “clima” para uma paralisação como a de 2018. O vice-presidente da entidade, Gladstone Lobato, ainda fez questão de pontuar que as empresas de transporte de carga nunca fizeram greve. “As notícias que circulam tratam-se de associações de autônomos, regionalizados, com um fundo muito mais político”, ele chegou a dizer.

De acordo com ele, os problemas da categoria não se resumem apenas ao preço do diesel.

“Temos, sim, várias dificuldades. A volatilidade do preço do diesel traz descontrole do frete. Somado a isso, estamos tendo aumentos consideráveis e falta no mercado de insumos, como pneus, peças e equipamentos. Em Minas, temos o agravante da falta de estrutura logística no estado. Exemplo é Belo Horizonte, que tem um Anel Rodoviário, que, na verdade, é uma avenida que contorna parte da cidade. Os custos aumentam consideravelmente”, conclui.