André Viana: “Eu não serei um mero espectador nas eleições municipais deste ano”

Líder sindicalista concedeu entrevista exclusiva à DeFato

André Viana: “Eu não serei um mero espectador nas eleições municipais deste ano”
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O Metabase – com quase 80 anos de existência – é um dos principais sindicatos do Brasil e conta com cinco mil associados, apenas em Itabira. A instituição também representa cerca de 20 mil trabalhadores, num total de 30 municípios. André Viana Madeira cumpre o seu segundo mandato e preside o Metabase desde 2018. A sua atual gestão termina em 2026.

O sindicalista deu uma entrevista à DeFato. O líder falou sobre as mudanças na relação capital-trabalho, depois da Reforma Trabalhista de 2017. As novas normas enfraqueceram os sindicatos. “Nós sabemos que os cenários são feitos de contextos e, hoje, nós temos um contexto específico, principalmente depois das reformas, que aconteceram em Brasília, no governo Michel Temer. Essas mudanças provocaram um enfraquecimento da atividade sindical”, avalia.

O sindicalista apresenta alternativas para a superação desse desafio. “O mais importante na nova atividade sindical é o exercício do diálogo.  Isso significa exercer mais a conversa equânime e salomônica” ensina. E como André Viana se define ideologicamente?

“Eu sou centro-esquerda. E explico o porquê. O centro é equilíbrio e negociação. E aqui não me refiro ao chamado Centrão, não estou falando de toma lá, dá cá. E sou esquerda porque atuo no social, sou um sindicalista e defendo o trabalhador. Eu defendo o trabalhador que foi demitido injustamente ou a trabalhadora que sofreu assédio sexual do chefe. Defendo as causas da igualdade racial, etnia e a inclusão das pessoas, independente da orientação sexual”, sintetiza.

Viana ainda comentou a situação do pastor e vice-prefeito Marco Antônio Gomes (PL) que, durante o mandato, perdeu protagonismo na Prefeitura de Itabira. Confira a entrevista completa.

DeFato: O sindicalismo de Itabira passou por uma mudança de rota, a partir do envolvimento de Saulo Queiroz Braga, no final da década de 1980. Esse sindicalista morreu precocemente num acidente automobilístico, em 1987. Milton Bueno ocupou o vácuo de liderança, elegeu-se presidente do Metabase e mudou os rumos do movimento sindical, em Itabira. Você já se encontra no segundo mandato. Como definiria a era André Viana no sindicalismo?

André Viana Madeira: Nós vivenciamos um novo contexto, onde o sindicato encontra-se agregado. É importante destacar isso. O Metabase tem quase 80 anos de história e grandes companheiros, que passaram pela instituição, também deixaram importantes legados. E nós sabemos que os cenários são feitos de contextos e, hoje, nós temos um contexto específico, principalmente depois das reformas, que aconteceram em Brasília, como as reformas sociais do governo Michel Temer, que provocaram um enfraquecimento da atividade sindical. As entidades sindicais sofreram um desgaste muito grande, até mesmo devido a algumas situações internas. Então, foi necessário um novo modelo para se adequar a uma legislação totalmente nova. E olhe que nós assumimos o sindicato um ano após a Reforma Trabalhista, e sofremos os efeitos dessa transformação. Então, tivemos que desenvolver um trabalho de adequação a esse novo modelo, com um número cada vez maior de jovens trabalhadores. Hoje, 70% dos trabalhadores têm menos de dez anos de exercício profissional. Esses jovens não têm uma cultura sindical e nem consciência de classe. Então, estamos numa luta contínua de conscientização dessa classe.

DeFato: Então, o atual modelo sindical brasileiro vivencia uma experiência totalmente adversa do tradicional sindicalismo, o chamado sindicalismo de resultados. É isso mesmo? 

André Viana: O Sindicato tem se adequado a essa realidade. A comunicação, inclusive, flui com mais agilidade através de novos meios como o Whatsapp, o Instagram e as redes sociais. Mas, o mais importante na nova atividade sindical é o exercício do diálogo. Isso significa exercer mais a conversa equânime e salomônica. O momento é de se lutar com armas, que não sejam a paralisação e obstrução. Essas armas ainda continuam em uso, mas é necessário achar novos caminho e utilizar mais as mesas (de negociações). Mas é preciso ter cuidado com os extremos, pois todos os extremos são muito perigosos. Hoje, em suma, não se pode fechar demais e nem abrir em demasia. Então, é necessário achar a linha de equilíbrio. É preciso manter um diálogo transparente e aberto com os representantes das empresas, governos, trabalhadores e aposentados. Temos ainda uma quantidade muito grande de ações com o poder Judiciário trabalhista. Em suma, faz-se necessário manter uma linha constante de diálogo e trabalhar com planejamento. Alguns sindicatos do passado não trabalharam com planejamento e isso trouxe enormes prejuízos para a classe trabalhadora. 

DeFato: No sindicalismo, principalmente nas décadas de 1980 e 1990, a greve era a principal ferramenta de luta do trabalhador. Então, segundo o seu entendimento, o diálogo está suplantando as greves…

André Viana: Exatamente. Estão prevalecendo o diálogo e a valorização da negociação coletiva, até por causa dessa Reforma Trabalhista. Depois de 2017, houve uma mudança nesse conceito de dissídio coletivo, na contextualização ou letra jurídica. Hoje, o dissídio tem que ser bilateral. Uma parte sozinha não vai para o dissídio. Hoje, o que se encontra em destaque é a valorização da mesa de negociação. É na mesa que o principal embate acontece. Nos bastidores e na mesa. E você consegue concentrar na mesa exclusivamente as pautas de um acordo coletivo. Você retira alhos, bugalhos e miudezas da mesa. A gente instalou, agora, com a Vale, um fórum de discussão permanente. Então, aí discutimos assuntos que não estão no acordo coletivo. Por exemplo, assuntos como banheiros, alimentação, lanches ou uma condição de trabalho ruim na mina, oficina, britagem ou escritório. Nesse caso, você alivia um peso e vai para o acordo coletivo com uma pauta enxuta. As empresas que aceitam esse modelo têm mais sucesso no diálogo. Antigamente, as empresas só queriam ver os sindicatos na época dos acordos coletivos. 

DeFato: E, nesse caso, nota-se que o sindicalista necessita ter uma melhor capacitação. Percebe-se isso pelo seu discurso. O novo sindicalista tem que conhecer economia, administração, mercado e até o cenário internacional. Tudo isso para tentar dialogar em condições de igualdade com os executivos das grandes empresas…  

André Viana: Perfeita a sua colocação. Um sindicalista despreparado é prejuízo para a categoria. O ex-ministro Ricardo Berzoini, por exemplo, citou agora há pouco que a cultura previdenciária, do fundo particular e público, deveria ser uma luta de classe do sindicato. Durante anos, os sindicatos deixaram a cultura previdenciária ir morrendo lentamente. Ao ponto de os jovens, que estão nas grandes empresas, manterem a seguinte conversa: “eu estou tranquilo porque sei que não vou me aposentar”. A cultura de classe não enxergava um plano de previdência particular, e a Valia é um bom exemplo, como um benefício. Hoje, já existe uma nova mentalidade a esse respeito. Então, volto a repetir: um sindicalista despreparado é prejuízo para a classe trabalhadora. O sindicalista de hoje em dia tem que acompanhar as notícias dos jornais, acompanhar os acontecimentos do mundo e o comportamento do mercado global. O novo sindicalista não pode ficar fechado em seu mundinho. 

DeFato: O sindicalista de há duas décadas era muito atuante e até trabalhava muito. Ele praticamente dedicava a vida ao sindicato. Hoje em dia, essa prática se intensificou ainda mais. O grau de exigência parece ter aumentado demasiadamente. Dá para perceber múltiplas atribuições em seu campo de ação. Mesmo porque, hoje em dia, o Metabase representa outras categorias, além dos trabalhadores da Vale. Sem contar sua participação no Conselho de Administração da mineradora. Como você consegue administrar uma agenda tão eclética?

André Viana: Em primeiro lugar, contamos com uma boa equipe de suporte e apoio da diretoria. Também temos os funcionários do Sindicato. A instituição, hoje em dia, tem um quadro de 60 funcionários. É uma verdadeira empresa. O Metabase administra um clube, uma colônia de férias com vários apartamentos, uma farmácia, uma papelaria e uma sub-sede. E, realmente, é preciso administrar o tempo porque participamos dos Conselhos da Vale, do PASA, da Valia e temos também uma cadeira no Codema (Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente). Então, sempre estamos participando das discussões das coisas da cidade e região. Nós realmente  cumprimos uma agenda muito intensa. Nós temos uma relação institucional com os prefeitos da região e os prefeitos da AMIG (Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil). Hoje, os sindicatos e os sindicalistas são constantemente cobrados. O trabalhador está presente nas redes sociais. Ele acessa constantemente a página eletrônica do Sindicato. Quando tem acordo coletivo, esse trabalhador quer participar e dar opinião. Ele cobra pautas e, quando não gosta das ações, critica. Hoje, quando saio nas ruas, sou parado o tempo todo. Sou interpelado por aposentados, pensionistas e trabalhadores da ativa. A categoria, hoje em dia, conhece, sabe e faz pressão. Na atualidade, o dirigente sindical é monitorado 24 horas. 

DeFato. Você tem um discurso muito incisivo e até duro em determinadas ocasiões, quando incorpora o espírito do dirigente sindical dos velhos tempos. Mas, contraditoriamente, tem uma conduta conciliadora. Tanto que, hoje, Paulo Soares – antigo presidente do Metabase e adversário na sua primeira disputa para a direção da entidade – é seu assessor.    

André Viana: Sim, o Paulo Soares está conosco. Somos amigos, mas tivemos divergências antagônicas, ideológicas. Veja bem. Na política – sindical e partidária – não existe espaço para baixarias, práticas antiéticas e inimizades. Na realidade, há adversários antagônicos, não inimigos. Quando a coisa passa para o lado pessoal é muito ruim. Graças a Deus, eu tenho orgulho de dizer que nunca tive inimigos pessoais. Eu sempre faço o debate no campo político. Eu gosto de discutir ideias e projetos. Tenho tentado agir dessa forma na liderança da Vale, no Brasil e participo de discussões com sindicatos do Pará, Maranhão, Metabase de Belo Horizonte e Metabase de Mariana. Em Itabira, transitamos também com muita leveza na política partidária. Sempre estamos em contato com políticos como Ronaldo Magalhães (União Brasil), João Izael (PMN), Neidson Freitas (MDB), o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) e outros. Mantemos uma linha de contato e respeito com todos. Eu sou adepto da política do fio do bigode. Eu acho que nós perdemos muito com essa tal política nova, em algumas questões. Acho que avançamos, mas também retrocedemos. Hoje, existem muitos políticos tipo biscoitos de polvilho, que só fazem barulho. Esses personagens postam vídeos na internet, mas não produzem nada. Não têm articulação política nenhuma. E aqui faço uma crítica ao governador Romeu Zema (Novo), que não tem articulação. O Estado de Minas Gerais está gemendo por falta de articulação. A política, no Brasil, virou uma disputa pessoal entre direita e esquerda, evangélicos e católicos, ateus e não ateus. Estamos nos esquecendo de que aquilo que nos une é muito maior que aquilo que nos divide. E, nessa divisão, estamos deixando de avançar e vamos perdendo muitas coisas boas. Gosto de conciliar e acho que a melhor guerra é aquela que não acontece. 

DeFato: Você disse que gosta da velha política, aquela que se fazia na filosofia do fio do bigode. Mas, como André Viana se define ideologicamente?

André Viana: Eu sou um fã da boa política, da política do avanço, do diálogo e da negociação. Muitas coisas mudaram nos últimos tempos. A atuação do Ministério Público, por exemplo, avançou muito. Antigamente, a política era mais populista, mais social. Eu acho até que, em alguns aspectos, tem que continuar assim. Mesmo porque, o brasileiro é um povo pobre. Grande parte da população é pobre. Não sou a favor de um socialismo barato, mas de um social com sustentabilidade. É preciso tirar as pessoas da miséria. Eu sou cristão. Eu entendo que a atuação de Jesus Cristo – enquanto homem na Terra – foi extremante pró ser humano. Ele frequentava leprosários para conversar com leprosos, atendia prostitutas, defendia as mulheres e permitia que as crianças se aproximassem. É célebre a frase “deixai vir a mim os pequeninos”. Jesus foi um ser humano de luz, mas com práticas extremamente sociais. Então, falando mais claro, André Viana é centro-esquerda. E explico o porquê. O centro é equilíbrio e negociação. E aqui não me refiro ao chamado centrão, não estou falando de toma lá, dá cá. E sou esquerda porque atuo no social, sou um sindicalista e defendo o trabalhador. Eu defendo o trabalhador que foi demitido injustamente ou a trabalhadora que sofreu assédio sexual do chefe. Defendo as causas da igualdade racial, etnia e a inclusão das pessoas, independente da orientação sexual. Nós defendemos pessoas. Não defendemos a superioridade, mas os direitos iguais. 

DeFato: Em outubro desse ano, haverá novas eleições para prefeito e vereadores. Ficam aqui curiosidade e expectativa. Qual será o posicionamento de André Viana nesse pleito? Será mero espectador, coadjuvante ou protagonista?

André Viana: Certa vez, o ex-governador Magalhães Pinto respondeu à seguinte pergunta de um repórter: onde Minas Gerais vai estar na política? A velha raposa respondeu: Minas Gerais vai estar onde sempre esteve. Então, André Viana vai estar no Metabase. A instituição que a gente representa, que tem uma força que não é de André Viana, mas da categoria, de aposentados e pensionistas. Essa instituição mexe na economia de Itabira. Só agora, no superávit da Valia, foram injetados R$ 66 milhões na economia da cidade. Só agora, com o Cartão Alimentação da Vale e outras empresas, que foi dobrado, o valor que circulou foi muito expressivo. O sindicato Metabase não tem como ficar neutro nessa disputa eleitoral. Então, temos que nos posicionarmos. Nesse caso, não há espaço para sermos meros espectadores. Vamos estar atentos e, no mínimo, vamos participar de alguma construção política. Nesse momento, não vejo um cenário de protagonismo porque estou no meio de um mandato no Conselho de Administração da Vale, que vai até 2025. Eu tenho esse compromisso com a categoria. Eu também sou coordenador do Comitê de Sustentabilidade da Vale, no Brasil e no mundo. Mas nós vamos conversar com a população, com os agentes políticos que se lançarem. Vamos analisar o cenário e procurar aquilo que for melhor para o trabalhador. 

DeFato: Você é evangélico, bem praticante. O atual vice-prefeito de Itabira é um pastor evangélico. Ele teve uma importância muito grande no triunfo do atual governo. Com o decorrer do mandato, porém, Marco Antônio Gomes perdeu espaço e poder. Houve claras divergências, principalmente nas pautas de costumes, com Marco Antônio Lage. Como você analisa essa situação?

André Viana: Qualquer composição de uma eventual aliança político-partidária para titular e vice envolvem acordos e conversas. Com certeza, os grupos do atual prefeito e do vice articularam partidariamente e politicamente para que a aliança entre os Marcos se concretizasse. Quais tipos de acordos e propostas foram realizados? Esses acordos foram cumpridos? Eu não sei precisar. Mas é lógico. Não se fecham acordos desta magnitude e alianças políticas sem prévias negociações. Entretanto, legalmente falando, a função de vice é protocolar, claramente definida e limitadora. Tem praticidade somente em eventual vacância ou ausência do prefeito. Se o vice deseja ter maior protagonismo deve ocupar alguma função, além daquela exercida para o qual foi eleito, como por exemplo, secretaria de alguma pasta ou presidindo uma das autarquias. É o caso do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que além da função eletiva de vice, também ocupa o cargo de atual ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Vice representa um segmento, e a vinda de um pastor, presidente de uma das maiores igrejas evangélicas de Itabira, na época, deixou claro o interesse dessa aliança na captação dos importantes votos desse segmento (evangélico). O médico e pastor trouxe a responsabilidade e esperança de uma ala cristã-protestante, que depositou no atual prefeito a expectativa de um governo mais conservador ou, no máximo neutro, em relação a costumes e doutrinas ideológicas, que foram endossadas pela onda bolsonarista e religiosa. Notavelmente, não foi o que se viu. O atual mandatário da cidade tem aberto diálogo e empoderado setores de maneira coletiva e, até então, não vistos em governos anteriores da nossa cidade. Particularmente, como cristão, não vejo erro nisso, uma vez que governar é para todos. Governar é coletivo e complexo. O problema pode estar nos acordos e promessas que foram feitos. Uma importante parcela dos evangélicos está cobrando esta fatura porque, nas igrejas e púlpitos da cidade, parte da liderança pastoral, apoiadora da campanha do atual governo, pediu votos usando esse tema. Frustação, às vezes, é produto de expectativa errada. Justiça seja feita, e não querendo advogar para o prefeito, ele nunca foi evangélico e sequer conhecia várias igrejas e denominações da nossa cidade. Ele foi levado por boa parte da liderança dos pastores, que pediram apoio dos protestantes usando, por vezes, pautas doutrinárias e ideológicas. Ouve-se falar de falta de espaço no governo. O atual prefeito nega veementemente e até já afirmou que duas importantes secretarias foram entregues ao grupo evangélico, no início da gestão: a Secretaria da Saúde e a de Assistência Social. Mas houve brigas entre eles (os evangélicos), o que ocasionou a retomada das pastas. Do outro lado, parte da liderança do grupo evangélico nega e afirma que foi traída e não reconhece o espaço cedido e, muito menos, o respeito aos princípios conservadores sagrados para eles. O vice-prefeito segue leal e fiel ao prefeito, o que demonstra concordância com a gestão realizada. O vice anda sendo criticado e cobrado por boa parcela dos evangélicos, que esperavam outra postura da gestão em relação principalmente às pautas conservadoras prometidas na campanha.

DeFato: Mas essas expectativas não realizadas não podem provocar uma mudança de postura desse segmento evangélico, principalmente nessas questões político-partidária?

André Viana: Sim. No frigir dos ovos, algumas ondas passaram ou estão, no mínimo, bastante enfraquecidas. Ressurge um povo evangélico buscando uma linha mais equilibrada e coerente. A eleição para presidente da República mostrou isso em Itabira, com a vitória de Lula (PT), que é de esquerda. O importante colégio eleitoral dos evangélicos vai se cansando de falas repetitivas e discursos unicamente espirituais. Aos poucos, aumenta-se o entendimento de que representantes, uma vez eleitos, governam ou legislam para todos. Toda a população precisa de saúde, educação, segurança pública, economia equilibrada, gestão pública e qualidade de vida, muito mais que as desgastadas pautas puramente e unicamente ideológicas. Esse entendimento tende a dificultar o coronelismo e feudalismo dos votos do honrado povo evangélico. Nas eleições, não votamos para escolher representantes para serem líderes religiosos tais como padre, pastor, pai de santo ou outra autoridade religiosa. Escolhe-se alguém que, independente da fé ou crença, terá compromissos legais e constitucionais com toda a população, sem exceção. Isso é a laicidade do Estado.