Após discussão na Câmara, Saae diz o porquê não realiza a captação e tratamento de água em fontes do bairro Penha; confira

37 nascentes geram cerca de 8 milhões de litros de água por dia na região. Confira o posicionamento do Saae na íntegra

Após discussão na Câmara, Saae diz o porquê não realiza a captação e tratamento de água em fontes do bairro Penha; confira
Foto: Reprodução @vagnerferreiraradio

Há longos anos a população itabirana se pergunta sobre “para onde vai” e “porque não é captada a água” que jorra livremente pela rua Tenente Cândido Eliziário, no bairro Penha, na região Central de Itabira. Nesta terça-feira (24), o assunto ficou em discussão na Câmara Municipal, após os questionamentos serem levantados pelo vereador Luciano Gonçalves dos Reis “Luciano Sobrinho” (MDB). 

De acordo com o proprietário do terreno onde nascem as fontes, a água em questão é considerada bruta (sem tratamento) e surge a partir de 37 nascentes existentes em um terreno localizado próximo ao Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD), gerando cerca de 8 milhões de litros por dia. Há muito tempo o líquido é oferecido gratuitamente à população para encher galões, vasilhames, lavar carros e realizar outras atividades. Além dos moradores, empresas também enchem caminhões pipas com capacidade para 10 mil litros de água, que tem o reservatório preenchido em pouco mais de 10 minutos. Para tal atividade, é cobrada uma taxa de R$60,00 pelo proprietário do terreno, para manutenção dos quase 800 metros da rede, que não possui reservatório.

Em sua fala, o vereador Luciano Sobrinho – seguido de outros parlamentares – questionou o motivo pelo qual a água não é captada e tratada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). Em contraponto, outros parlamentares apontaram que já receberam informações de que tal água é imprópria para o consumo. Assista:

Em entrevista recente concedida ao radialista Vagner Ferreira, Anselmo José Vieira (dono do terreno onde existem as fontes e que possui outorga para utilização) informou que apenas 40% de todo o volume de água chega à população, e os outros 60% da água existente, ainda pode ser utilizado. Ainda de acordo com Anselmo, em 1992, após o rebaixamento do lençol freático feito pela mineradora Vale, todas as 37 fontes secaram em 24h, motivo pelo qual o morador levou a empresa à Justiça. Somente em 2015 voltou a jorrar água pelas nascentes, mas a questão segue com trâmites judiciais e tratativas junto à empresa.

A DeFato procurou o setor de comunicação do Saae para questionar se já foram realizados estudos técnicos para captação no local, se a água está apropriada para o consumo humano – além de saber se houveram discussões da autarquia com o dono do terreno para captação das águas. De acordo com a autarquia, a ausência de outorga, a baixa vazão e “logística inviável” impedem que o Saae utilize a água do bairro Penha.

Confira a nota na íntegra:

“Nem toda água é adequada para abastecimento. Alguns requisitos técnicos devem ser considerados antes mesmo do tratamento e distribuição da água. Isso inclui a obtenção de autorização de captação, que assegura a conformidade legal, e a realização de uma análise de vazão, que garante que a fonte pode fornecer a quantidade necessária. A logística de transporte também deve ser considerada, garantindo um abastecimento eficiente. Por essas razões, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) não utiliza a água da Rua Tenente Cândido Eliziário, no bairro Penha, em Itabira.

A água provém de uma nascente e é disponibilizada por meio de mangote até a rua. O Saae não possui nenhum tipo de instrumento legal, outorga ou cadastro de uso insignificante, que garanta o efetivo direito de acesso à essa água. A ausência desse documento significa que o acesso dessa água não está autorizado ao Saae. 

A água fornecida neste local é considerada bruta (sem tratamento), ou seja, não é adequada para consumo. Para tanto, é necessário passar por tratamento específico, como por exemplo o que ocorre em uma Estação de Tratamento de Água (ETA), por meio de tratamento convencional (ciclo completo). A estação mais próxima é a ETA Gatos, localizada no bairro Pedreira, a aproximadamente 6,2 km de distância.

Dessa forma, a captação da água com caminhão-pipa é inviável logisticamente devido à vazão limitada implicando em maiores esforços no gerenciamento de transporte (número de viagens), tempo de abastecimento por caminhão-pipa, acesso às vias e outros fatores, o que demonstra a dificuldade em manter um abastecimento contínuo”.

Relembre

Em 7 de setembro, o Saae iniciou a captação emergencial de água no Rio Tanque, no distrito de Senhora do Carmo. A água bruta está sendo encaminhada por caminhões pipas até a Estação de Tratamento de Água (ETA) Gatos, onde acontece o tratamento e distribuição. O local fica a mais de 30km de Itabira.