Após nove anos, Klopp se despede do clube que ajudou a resgatar

Alemão anunciou saída do Liverpool na manhã desta sexta-feira

Após nove anos, Klopp se despede do clube que ajudou a resgatar
Foto: Liverpool/Twitter

17 de outubro de 2015. Dia do aniversário da minha mãe, mas este não é o tema de hoje. Exatamente nesta data, Jürgen Klopp iniciava sua passagem pelo Liverpool. O jogo? Contra o Tottenham, no antigo White Hart Lane, às 8h30 da manhã.

Já certo de que o clube de Anfield havia feito a escolha certa, acordei cedo para ver a história se iniciando diante dos meus próprios olhos. Mas deixando o romantismo de lado, preciso admitir: a partida foi horrorosa.

Um 0 a 0 truncado, de poucas chances. Porém, algo já ficava evidente desde então: o Liverpool nunca havia corrido tanto como naquela manhã de sábado. Ninguém ousou fugir de uma dividida, a pressão no adversário, que seria marca dos nove anos seguintes, foi incessante, o que certamente ajudou o jogo a se tornar tão fraco em chances. O Liverpool não jogou, mas também não deixou jogar.

O recado estava dado: a partir dali, a imagem daquele time apático e pouco temido em Anfield havia ficado para trás. Mas o trabalho ainda era longo.

Apenas vontade não ganha jogo, tampouco Premier League ou Liga dos Campeões. O Liverpool precisava se reforçar. Aos poucos, o elenco foi recebendo novas peças. Um Roberto Firmino ali, um Sadio Mané aqui… que tal o Van Dijk, já excelente zagueiro no Southampton e um monstro na terra dos Beatles?

Foram anos até que Alisson, Arnold, Matip (Joe Gomez), Van Dijk, Robertson; Fabinho, Henderson, Wijnaldum; Mané, Salah e Firmino trouxessem, por exemplo, a inédita Premier League. Elenco montado a partir da observação de potencialidades, sem gastos exorbitantes ou a procura vazia por estrelas.

E, desde o primeiro instante, com Klopp dando as cartas. Ninguém (ou quase ninguém) chegou ao Liverpool por acaso. Todos, de certa forma, se encaixavam na forma como o alemão enxerga o futebol, análoga à com que enxerga a vida: paixão e entrega.

Duas coisas que, aparentemente, Klopp já não conseguia entregar ultimamente. Por isso, se despede de forma surpreendente, com o time na liderança daquela que pode ser sua segunda Premier League, mas não a última dos Reds. Pois esse é o clube que Klopp entrega ao seu sucessor: um Liverpool resgatado naquela manhã de 17 de outubro de 2015.

Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.

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