Após protesto de moradores, Vale se defende e cita ações realizadas em Barão de Cocais
Moradores da comunidade Vila Gongo relembraram, nesta manhã, os dois anos desde que foram retirados de suas casas
Na manhã desta segunda-feira (8), moradores da Vila Gongo, em Barão de Cocais, realizaram um protesto no trevo próximo à Mina Brucutu, da Vale. Os populares relembraram os dois anos desde que foram retirados de suas casas pela empresa. À época, a evacuação se deu pelo fato da mineradora ter elevado a barragem Sul Superior, da Mina do Gongo Soco, para o nível três de emergência, o máximo na escala que mede o risco de rompimento. Outras comunidades do município, como as de Socorro, Tabuleiro e Piteiras, também haviam sido realocadas.
Desde 2019, o grupo passou a morar em hotéis, e, posteriormente, casas provisórias. Após a reportagem da DeFato, a Vale decidiu se manifestar e citou algumas das medidas que, segundo ela, foram realizadas no município mineiro. A mineradora diz que a contenção da barragem Sul Superior/Sul Inferior, que conterá os rejeitos em caso de uma eventual ruptura, está concluída.
No entanto, em uma matéria publicada pela DeFato há 17 dias, o prefeito do município, Décio Santos, afirmou que o “muro” não teve segurança atestada por consultoria técnica contratada pelo Ministério Público.
Dificuldade em dialogar
Outra queixa constante dos moradores da região é sobre a dificuldade nas negociações com a Vale. Segundo os cocaienses, a mineradora se negava a atender as reivindicações populares. Eles ainda afirmam que a empresa não cumpria os prazos e acordos acertados, além de alterar as características das comunidades rurais evacuadas.
Sobre isso, a corporação alega que “os processos de acordo extrajudiciais seguem avançando”. A Vale também argumenta que disponibiliza o Programa de Assistência Integral ao Atingido – que oferece apoio psicossocial, educação financeira, orientações para a compra de imóveis e para a retomada produtiva – a todas as pessoas indenizadas.
Em relação a ações voltadas às quatro comunidades citadas na matéria, a mineradora afirma que contribui para “fortalecer os vínculos sociais e diversificar seus modos de geração de renda”. Segundo o comunicado, os moradores já podem escolher cursos e oficinas de capacitação em parceria com instituições locais, como a Casa do Artesão, Projeto Sementes e ONG Juventude Viração.
Monitoramento
Por fim, a empresa garante que a barragem Sul Superior, ponto central de toda a polêmica, passa por monitoramento contínuo, realizado por meio de instrumentos como piezômetros automatizados, radares terrestres, estação robótica total e microssísmica. A estrutura é observada por câmeras de vigilância 24 horas por dia, sete dias por semana.
De acordo com a Vale, quando as obras de descaracterização da Sul Superior forem concluídas, a contenção será removida e a área na qual foi implantada passará por ações de recuperação ambiental.