Após repercussão de vídeo estudantes alegam que não houve deboche sobre situação de paciente que recebeu quatro transplantes

Vitória realizava tratamento após três transplantes cardíacos e um renal, vindo a falecer nove dias após a publicação

Após repercussão de vídeo estudantes alegam que não houve deboche sobre situação de paciente que recebeu quatro transplantes
Foto: @rawpixel.com/Freepik

O vídeo publicado na plataforma Tik Tok por duas estudantes de Medicina do Hospital das Clínicas da USP mencionando o caso da paciente Vitória Chaves da Silva (26), que se encontrava hospitalizada e recebeu quatro transplantes no Instituto do Coração (Incor), tem causado polêmica e revolta dos familiares da enferma.

No vídeo, publicado em fevereiro e com mais de 200 mil visualizações, as estudantes, apesar de não identificarem a paciente, demonstram perplexidade diante do quadro da jovem, uma delas afirma num trecho da publicação que “ela acha que tem sete vidas”, o que foi interpretado por alguns internautas como deboche. A família da paciente repudiou profundamente o vídeo e iniciou medidas legais contra as responsáveis, exigindo também retratação pública.

A paciente realizava tratamento após três transplantes cardíacos e um renal, vindo a falecer nove dias após a publicação, em decorrência de um choque séptico e insuficiência renal crônica.

As estudantes emitiram uma nota, assinada também por seus advogados, afirmando que a publicação teve o objetivo exclusivo de expressar “curiosidade científica” diante de um caso incomum, e que o conteúdo teve como única intenção manifestar surpresa diante de um caso clínico mencionado no ambiente de estágio. Não sabíamos quem era. Nosso compromisso com a vida, a dignidade humana e os princípios éticos da medicina continuam inabalável”.

As duas afirmam, também, que em nenhum momento expuseram a imagem de enferma  e que não houve qualquer tipo de exposição intencional e, que estão colaborando com as investigações e tomando providências para a preservação da saúde emocional e da reputação acadêmica.

O caso está sob investigação da Polícia Civil de São Paulo e pode caracterizar injúria, conforme a Secretaria de Segurança Pública e, caso sejam condenadas, elas estarão sujeitas a penas de multa e até de um ano de detenção, dependendo das circunstâncias agravantes.

Uma das estudantes é aluna de medicina da Universidade Anhembi Morumbi, no campus da Mooca, na zona leste de São Paulo.  A outra cursa a Faculdade da Saúde e Economia Humana (Faseh), localizada em Belo Horizonte.

As instituições enviaram uma nota ao Metrópoles nesta quarta-feira (9) e o posicionamento diz que “o acontecido não condiz com os princípios e valores das faculdades, tampouco com o compromisso de uma formação médica, ética e humanizada”.

Afirmam, também, que adotaram com a “máxima urgência” as medidas necessárias na elucidação do caso, conforme o regimento interno.

* Fonte: Metrópoles