ArcelorMittal pode estar de saída do Brasil
Máquinas da Caterpillar, que, na crise, já demitiu 20 mil empregados
“A CST foi oferecida à Usiminas pela Arcelor Mittal, que também está propondo o fechamento de outros ativos no Brasil”, afirmou ao Estado de Minas uma fonte do setor siderúrgico que preferiu não se identificar. Segundo essa mesma fonte, o negócio provocaria um aumento de concentração de mercado “monstruoso” no país e, por isso, poderia não ser visto com bons olhos pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Na segunda-feira, a assessoria de imprensa da ArcelorMittal afirmou desconhecer qualquer negociação nesse sentido. A Usiminas não confirmou à reportagem se está interessada na compra de ativos de qualquer natureza.
O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Cristiano da Cunha Freire, afirma que não sabe se os rumores são verdadeiros, mas confirma que muito se fala sobre o assunto. “Os ativos da ArcelorMittal no Brasil são muito bons. Além da Usiminas, outras siderúrgicas podem estar interessadas neles”, diz. A CST é fabricante de placas e bobinas a quente, a Belgo produz aços longos e a Vega do Sul bobinas a frio e galvanizado. “A Vega do Sul está numa excelente posição geográfica para a Usiminas, hoje centralizada em Minas e em São Paulo. Com a CST, a empresa ganharia um porto em Vitória. A Usiminas tem caixa e a oportunidade pode estar surgindo em meio à crise”, observa.
No início de janeiro, o presidente da Usiminas, Marco Antônio Castello Branco, afirmou que a retração da demanda por aço nos três últimos meses de 2008 chegou a 30%. Por isso, hoje a prioridade da siderúrgica, maior fabricante de aços planos do Brasil, é assegurar mercado. Pedro Galdi, analista de investimentos em siderurgia da SLW Corretora, acredita que os ativos adquiridos pela ArcelorMittal no Brasil são estratégicos e não vê motivos para que o grupo se desfaça deles. “A ArcelorMittal comprou a Belgo e a CST por um preço estratégico.
A CST tem um dos menores custos de produção do mundo”, afirma Galdi. Já a Belgo, segundo ele, é a segunda maior empresa de aços longos do Brasil, com ramificações em países vizinhos. “Há muitas razões que levam uma empresa a se desfazer de seus ativos, mas esse não seria o caso do ponto de vista estratégico”, sustenta. Luciana Leocádia, analista de investimentos do setor na Ativa Corretora, também questiona a capacidade da Usiminas de comprar todos os ativos supostamente oferecidos pela Arcelor. “O mundo está passando por uma crise de crédito. A soma de ativos é muito grande”, pondera.