ArcelorMittal quer ampliar pilha de estéril da Mina do Andrade, em Itabira
Pedido de licenciamento foi apresentado à Apam Piracicaba e está sendo analisado pelo Secretaria de Meio Ambiente de Itabira
Em operação há 20 anos, a pilha de estéril da Mina do Andrade, localizada na divisa entre os municípios de Bela Vista de Minas, João Monlevade e Itabira, pode ter a sua capacidade ampliada em 2022. Para isso, a mineradora ArcelorMittal, responsável pela unidade, entrou com um pedido de anuência junto à Área de Proteção Ambiental Municipal Piracicaba (Apam Piracicaba) — o processo deve ser analisado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) de Itabira em abril. Inicialmente, a informação foi apresentada pelo Secretário de Meio Ambiente, Denes Lott, durante a prestação de contas feita à Câmara de Vereadores, na última terça-feira (15), e confirmada ao portal DeFato pela assessoria de comunicação da Prefeitura de Itabira.
Conforme adiantado por Denes Lott, já estão sendo avaliadas as condicionantes socioambientais para autorizar a execução do projeto. Uma delas já está definida e trata da instalação de 200 fossas sépticas na comunidade do Fundão, que está próxima ao empreendimento. Porém, a definição sobre essa e outras ações a serem implementadas, assim como a autorização para ampliação da pilha de estéril, ainda depende de análise de técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e aprovação do Codema.
“Informamos que o processo da empresa refere-se a um projeto de ampliação da pilha de estéril já instalada na Mina do Andrade que fica na divisa de Bela Vista de Minas, João Monlevade e Itabira. Tal solicitação está em avaliação dos técnicos do Meio Ambiente que farão um minucioso parecer sobre os estudos apresentados. Nele estarão contemplados todas as condicionantes necessárias”, informou a assessoria de comunicação da Prefeitura de Itabira.
“Uma delas, já em estágio de tratativas junto a empresa, será o saneamento rural das comunidades do entorno. Essa definição ainda não ocorreu. Após analises dos estudos, e findado o parecer técnico do processo, o mesmo será enviado e discutido em reunião ordinária pelo Codema. A previsão de apreciação dos conselheiros está prevista para a reunião de abril. Antes desse processo, ainda não é possível antecipar informações, uma vez que as análises técnicas e jurídicas ainda não estão concluídas”, completou.
O que diz a ArcelorMittal?
Procurada pela DeFato, a ArcelorMittal, por meio da sua assessoria de imprensa, informou que a pilha de estéril da Mina do Andrade opera em Itabira desde 2002 e, por isso, já está licenciada — sendo que, agora, aguarda a conclusão do processo para ampliação da unidade. Dessa forma, espera a definição, por parte dos órgãos ambientais, das contrapartidas necessárias para seguimento do projeto.
Confira a seguir a íntegra da nota da ArcelorMittal:
“A anuência solicitada pela ArcelorMittal Mina do Andrade à Unidade de Conservação (APAM Piracicaba), refere-se ao processo de ampliação de uma pilha de estéril em operação, localizada no município de Itabira há mais de 20 anos. Adicionalmente, esclarecemos que a Mina do Andrade opera há 86 anos na região e possui as autorizações dos órgãos competentes.
Para definição da localização da pilha, foram realizados, à época, os estudos ambientais conforme previsto na legislação vigente, que contemplaram as alternativas locacionais. A autorização para início das operações de disposição nesta estrutura foi obtida pela empresa em 2002.
Por se tratar de pilha já existente, a mesma se encontra licenciada e o processo de sua ampliação bem como as contrapartidas aplicáveis, previstas na legislação de compensação ambiental, estão em análise junto ao órgão ambiental estadual. Os impactos socioambientais relacionados à operação são controlados e monitorados, conforme Plano de Controle Ambiental aprovado no licenciamento”, diz o posicionamento oficial da ArcelorMittal.
Mina do Andrade
Pertencente à ArcelorMittal, a Mina do Andrade completou, em julho de 2021, 86 anos de atividades. Localizada no município de Bela Vista de Minas, a unidade tem toda a sua produção voltada para o abastecimento exclusivo da usina de João Monlevade – produtora de aços especiais para a indústria automobilística. A planta tem capacidade anual de 3,5 milhões de toneladas de Sinter Feed de alta qualidade.
Recentemente, a planta passou por uma ampliação — premissa do Projeto Itabirito e licenciada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) —, que aumentou o tempo de vida útil da mina até 2062. Foram investidos R$ 115,7 milhões em novas instalações que compreendem sistemas de peneiramento, britagem quaternária, concentração magnética, filtragem do concentrado e do rejeito.