Ataques de 8 de janeiro: inquérito militar livra tropas e aponta erro do governo Lula
De acordo com o relatório militar faltou planejamento adequado ao governo Lula para evitar a invasão da sede da Presidência da República
Inquérito aberto para apurar a atuação dos militares que estavam em serviço e que deveriam fazer a segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, quando aconteceu os atos antidemocráticos e as invasões aos prédios os três poderes, livrou as tropas brasileiras de culpa e apontou “indícios de responsabilidade” da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, que integra a pasta do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). É o que apurou o jornal Folha de São Paulo em documento publicado na segunda-feira (31).
De acordo com o relatório militar, finalizado em 2 de março, faltou planejamento adequado ao governo Lula (PT) para evitar a invasão da sede da Presidência da República, ou ao menos reduzir os estragos dos atos de 8 de janeiro. A investigação indica a responsabilidade da secretaria do GSI de forma genérica, sem mencionar o nome dos responsáveis. A conclusão cita ainda a sigla DSeg, do Departamento de Segurança Presidencial.
“Resta evidente que o planejamento, o acionamento e o emprego de militares no tocante às ações ligadas à manutenção da integridade física do Palácio do Planalto e adjacências cabe à secretaria do GSI”, diz trecho do relatório. O relatório também aponta número insuficiente de militares no dia da invasão dos prédios do Estado.
Outras versões
Por outro lado, documentos obtidos pela Revista Oeste mostram que militantes e ex-integrantes de partidos de esquerda teriam supostamente participado das invasões e vandalismos na Praça dos Três Poderes. Ainda segundo a Revista Oeste, veículos de comunicação da grande imprensa e o próprio PT descartam a possibilidade de que havia infiltrados nos atos antidemocráticos, mesmo que, segundo a publicação, vídeos registrados pelos próprios manifestantes possam indicar o contrário. Essa será uma das linhas de investigação da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI).
Na última sexta-feira (28), o ministro da Justiça, Flávio Dino, negou à CPMI o acesso às imagens internas dos atos de protesto no Palácio do Planalto. Em ofício, o ministério de Dino informou que as imagens estão sob investigação criminal ainda em andamento e devem ser solicitadas à autoridade responsável pelos inquéritos policiais sobre os atos.
“Esta decisão administrativa visa preservar a autoridade do Poder Judiciário no que se refere ao compartilhamento de provas constantes de inquéritos com eventuais diligências em curso”. O ofício foi assinado pela coordenadora-geral do gabinete de Dino, Eliza Pimentel da Costa Simões.