Brasileiro vê piora na economia, na inflação e no desemprego

Seis em cada dez (60%) dos brasileiros preveem que a inflação irá aumentar daqui pra frente, ante 51% em dezembro passado

Brasileiro vê piora na economia, na inflação e no desemprego
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo

A cada dia, mais brasileiros consideram que a economia no país teve piora nos últimos meses. Houve aumento naqueles que veem mais inflação e desemprego à frente e também aqueles que percebem piora em sua situação econômica pessoal. Os dados vêm de pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 19 e 20 de março, e coincidem com uma oscilação negativa de três pontos na taxa de reprovação do presidente Luiz Inácio lula da Silva (PT), de 30% para 33%, em relação a pesquisa realizada em dezembro.

O levantamento ouviu 2.002 eleitores em 147 municípios. A avaliação de que a economia piorou de dezembro para cá cresceu de 33% para 41%. Com isso, a taxa dos que veem piora ultrapassou a dos que vinham percebendo melhora, que recuou de 33% para 28% no período. Algumas análises consideram que a perda de popularidade de Lula pode estar relacionada a falas polêmicas recentes mais revezes no Congresso.

A atual pesquisa sugere que a paralisia da economia nos últimos dois trimestres de 2023 (o Produto Interno Bruto não cresceu nas comparações com trimestres anteriores) e a lenta recuperação neste início de 2024 podem ter pesado mais. Podem ter beneficiado o resultado a alta nos preços dos alimentos no início do ano, provocado por condições climáticas adversas nas regiões produtoras do Centro-Oeste e Sul do país. O preço da comida pode ter ofuscado algumas boas notícias desse princípio de 2024, com alta no volume de serviços (+0,7% em janeiro sobre dezembro) e a criação, no primeiro mês do ano, de 180,3 mil novas vagas formais de emprego, acima do esperado.

Na região Nordeste, 30% avaliam que a economia brasileira piorou nos últimos meses (eram 28% em dezembro), índice inferior, dentro da margem de erro e com variação menor na percepção de piora do  que o registrado no Sul (47%, ante 44% na pesquisa anterior), no Sudeste (43% ante 35% e no Norte/Centro-Oeste (49% ante 40%).

Entre os eleitores de Lula no segundo turno da eleição presidencial de 2022, 16% veem piora no cenário econômico do país, com oscilação em relação ao levantamento anterior (13%). Entre eleitores de Bolsonaro (PL), essa percepção saltou de 59% para 69%.

Na avaliação sobre a situação econômica pessoal, caiu de 35% para 28% o índice dos que apontam melhora, e oscilou de 26% para 28% a percepção de piora. Para 44%, a situação ficou estável (eram 38% em dezembro). Na comparação com dezembro de 2023, há menos brasileiros otimistas e mais pessimistas tanto em relação ao futuro econômico do Brasil quanto o seu próprio.

A expectativa de que a economia vai melhorar nos próximos meses caiu de 47% para 39% com alta de 22% para 27% na tendência contrária, de piora econômica. Uma parcela de 32% vê estabilidade (em dezembro, 29%), e 2% não opinaram.

O índice de pessimismo com a economia do país fica acima da média entre os mais escolarizados (33%), entre os mais ricos (35%), na região Sul (34%), entre evangélicos (32%) e na parcela que reprova Lula (56%). Fica abaixo da média, por outro lado, entre os mais jovens (19%), entre os menos escolarizados (20%), no Nordeste (19%, e 49% de otimismo), e entre quem aprova (6%) ou considera regular (18%) o governo Lula.

As expectativas sobre inflação, desemprego e poder de compra também ficaram mais pessimistas. Seis em cada dez (60%) dos brasileiros preveem que a inflação irá aumentar daqui pra frente, ante 51% em dezembro passado. Para 14%, a inflação irá cair (eram 19%), 23% avaliam que ficará igual (em dezembro, 27%) e 3% não opinaram.

O índice de expectativa de alta da inflação atual é o mais alto desde junho de 2022, quando estava em 63%. A previsão de alta no desemprego é compartilhada por 46%, em alta na comparação com dezembro (39%).

No perfil da amostra Datafolha, assim como no resultado da eleição de 2022, eleitores de Bolsonaro dividem-se praticamente ao meio, mas com percepção distinta em relação aos rumos da economia.