Cadu Motta e a existência política de Pessoas com Deficiência

O itabirano Cadu Motta ocupa as redes sociais e os espaços políticos para defender os direitos das Pessoas com Deficiência

Cadu Motta e a existência política de Pessoas com Deficiência
Hoje, Cadu Motta representa muitos itabiranos com deficiência por meio da política. Foto: Mariana Ribeiro/DeFato Online

Cadu Motta cresceu ouvindo sobre política. O bisavô Raimundo dos Santos Motta foi prefeito em Bom Jesus, o avô Arlindo Dias foi sete vezes vereador e o pai não só foi duas vezes vereador, como se tornou vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. Assim, era de se esperar que, como um típico jovem, Cadu nem quisesse saber de política.

Foi um acidente que o fez mudar de ideia. Em 2021, Cadu caiu de uma escada de 13m, o que levou à amputação da perna esquerda. “Sofri o acidente, adquiri a deficiência e vi que eu precisava mudar um monte de coisa na cidade, precisava ter acesso a alguns direitos, recursos e vi que tudo isso eu iria conseguir por meio da política”, contou.

Desde então, Cadu passou a pesquisar cada vez mais sobre acessibilidade para Pessoas com Deficiência (PcDs), informações que nem sempre foram fáceis de encontrar. Logo após a amputação, o itabirano fez perguntas ao seu próprio médico sobre a protetização e não encontrou respostas: “Ninguém sabia me informar. O médico do hospital disse que não sabia nada de prótese e que o médico que sabia não tinha ido no dia”.

A realidade de PcDs ainda recebe pouca atenção atualmente. Estudante da Unifei, Cadu realizou um estudo em que analisou as faixas de pedestres do Centro de Itabira e constatou que, das 95 analisadas, nenhuma é acessível, devido à falta do piso tátil – um recurso de acessibilidade para pessoas com deficiência visual.

“Em 2003, teve a convenção das Nações Unidas para Pessoas com Deficiência e caíram por terra alguns termos, como ‘portador de deficiência’, ‘portador de necessidade especial’ e ‘deficiente’. O termo correto, hoje, é ‘pessoa com deficiência’, porque, antes da deficiência, vem a pessoa”. Os outros termos foram considerados pejorativos”, explica Cadu.

As redes sociais se tornaram grandes aliadas. Pelo Instagram, divulga aquilo que aprende e também as suas indignações. Recentemente, um dos seus vídeos alertou a Câmara de Itabira para o não funcionamento do elevador do prédio. Uma outra publicação culminou na reforma do elevador da Unifei, que agora está funcionando.

Sua experiência o levou à presidência do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e, além disso, ocupa o cargo de secretário financeiro do partido Rede Sustentabilidade atualmente.