Câmara convoca representantes da Unimed, Cosemi e Prefeitura para discutir suspensão do plano de saúde
Servidores municipais protestaram contra cancelamento do plano de saúde

“Eu sou servidora municipal. No ano passado eu descobri um câncer e estou, até então, em tratamento. Na segunda-feira eu fui pegar uma autorização para um remédio que tomo e que não pode ser interrompido. A suspensão do plano (da Unimed Itabira) está me dando angústia porque o remédio que tomo irá acabar no domingo. Também faço terapia para tratar a síndrome do pânico e, essa semana, sem o plano da Unimed, não há como fazer”.
O relato é de Eleni Viana, 54 anos, pedagoga aposentada da Prefeitura de Itabira. A moradora do bairro Santo Antônio está entre os 6.200 servidores públicos de Itabira que tiveram o plano de saúde da Unimed suspenso na segunda-feira, 3 de julho. A operadora interrompeu o serviço diante de uma dívida de coparticipação herdada do governo passado – atualmente em R$ 2,8 milhões – e da reivindicação por reajuste no contrato com a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores Municipais de Itabira (Cosemi).
Eleni participou, com um grupo de servidores atingidos pela suspensão do serviço, da reunião ordinária da Câmara de Vereadores na terça-feira (4). Vereadores manifestaram pesar pelo drama dos atingidos pela suspensão da cobertura médica e solicitaram a presença da presidência da Unimed Itabira, da Cosemi e Prefeitura para esclarecem o assunto ao Legislativo. Os representantes devem ir à Câmara nesta quinta-feira, quando ocorre na Casa a reunião das comissões permanentes.
Servidora aposentada, Eleni Viana, narrou drama de saúde e medo de ficar sem o plano Foto: Wesley Rodrigues/DeFato
“Arbitrária”
Na terça, Weverton “Vetão” (PSB), leu uma carta aberta do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Municipais de Itabira (Sintsepmi). Um trecho do documento endossa que “o servidor é surpreendido com o cancelamento do Plano de Saúde da Unimed, descontado mensamente de seus contracheques, sem reparação aos riscos e cuidado de sua saúde, fazendo uso de medicamentos que sofrem aumentos sucessivos, com salários congelados e sem direito a consultas, exames e cirurgias necessárias”.
O líder do governo, Allaim Gomes (PDT), destacou ter sido a decisão da Unimed “unilateral”. O presidente da Casa, Neidson Freitas (PP), classificou a ação como arbitrária, por sua vez, e sugeriu que o município, caso o impasse permaneça, encerre o contrato e abra licitação para novo plano.
Reunião do Legislativo ficou lotada com presença de servidores públicos municipais Foto: Wesley Rodrigues/DeFato
A presidente do Sintsepmi, Priscila Miranda, informou que o sindicato ajuizou mandado de segurança na tentativa de retomar a cobertura da Unimed ao funcionalismo público. Miranda reivindicou também que quaisquer soluções ao caso devam ser costuradas com a participação do sindicato e servidores.
Na segunda-feira, o presidente da Unimed Itabira explicou que a suspensão ocorreu após assembleia dos cooperados em 28 de junho. A cooperativa médica destaca que a dívida de R$ 2,8 milhões compromete a sobrevivência da Unimed no município, que também sofre perdas inflacionárias no contrato de prestação de serviço à Cosemi. O caso está na Justiça.