Câmara de Vereadores de Itabira: um Titanic à procura do seu iceberg

Há muito bate-boca e pouco comando nas sessões da Casa Legislativa. Há “algo de podre no reino dos vereadores itabiranos”

Câmara de Vereadores de Itabira: um Titanic à procura do seu iceberg
Foto: Gustavo Linhares/DeFato
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O naufrágio do Titanic foi a mais comovente tragédia da história da navegação. O maior transatlântico da época iniciou a sua viagem inaugural com muita pompa. A gigantesca embarcação partiu de Southampton (Reino Unido) com destino a Nova Iorque (USA), às 12h15 do dia 10 de abril de 1912. Havia 2.200 pessoas a bordo.

Na madrugada de 15 de abril, a nau deu de cara com um gigantesco iceberg. Foi o ponto final na vida de 1.514 passageiros. Quem foi o principal culpado por essa tragédia? Há controvérsias. Uma situação, porém, é certa. Num desastre marítimo dessa magnitude, o comandante sempre terá a sua parcela de responsabilidade. E essa é a dura verdade para Edward John Smith — o homem que conduziu involuntariamente o imenso navio para o abismo.

Essa história fúnebre é apenas pretexto para uma narrativa da política itabirana de hoje em dia. Chama a atenção, nesse contexto, as reuniões da Câmara de Vereadores da cidade. Há muito bate-boca e pouco comando nas sessões (ordinárias e extraordinárias) da Casa Legislativa. Em alguns momentos, as discussões tomam o irremediável rumo do “nada a ver”. O debate se transforma em incontrolável balbúrdia. Nessas oportunidades, sexo de anjos vira acirrado tema primordial da pauta. Ninguém compreende ninguém. Não se chega a um consenso. Há “algo de podre no reino dos vereadores itabiranos”.

O suntuoso prédio da avenida Carlos Drummond de Andrade mais parece um Titanic à procura de sua fatídica montanha de gelo. Mas aqui vem a pergunta que insiste não se manter em silêncio: quem é o responsável pela falta de rumo (e orientação) no Legislativo de Mato Dentro? A resposta é inescapável. Debite todos esses desatinos na conta de Heraldo Noronha Rodrigues (PTB) — o presidente da Mesa Diretora da “Egrégia Casa”.

Certas peculiaridades são indicativas de displicência ou má vontade desse personagem chave: pautas trancadas, lengalengas intermináveis, protelações sem fim e desordem total no plenário e plateia. Essa anômala configuração pragmática vai lentamente transformando a Casa Legislativa em casa da mãe Joana. O cenário caótico aponta para um risco iminente: a resolução das divergências entre os vereadores por meio das vias de fato. Falta muito pouco para esse vexame histórico.

Só existe uma forma de se evitar a instalação do caos integral nesse sacro local da representatividade popular. É necessário, o quanto antes, que Noronha assuma de fato a presidência. Do contrário, um imenso iceberg moral e ético engolirá o glorioso Legislativo da terra do Poeta Maior. Esse acidente institucional também atende pelo nome “naufrágio político”. E salve-se quem puder.

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

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