Campeã do Carnaval do Rio de Janeiro, Imperatriz Leopoldinense celebra fim de jejum de 22 anos
A última conquista foi em 2001. De lá para cá, a escola ainda amargou um rebaixamento em 2019, até conseguir voltar para o Grupo Especial em 2022
Quando as últimas notas do quesito bateria foram divulgadas, a mesa onde estavam os componentes da Imperatriz Leopoldinense foi tomada por uma mistura de choro e gritos. O nono título de campeã do Carnaval do Rio de Janeiro veio depois de mais de vinte anos de jejum. A última conquista foi em 2001. De lá para cá, a escola ainda amargou um rebaixamento em 2019, até conseguir voltar para o Grupo Especial em 2022.
Cátia Drumond, presidente da escola de Ramos, na zona norte da cidade, comemorou a história de recuperação da escola, que retornou ao lugar de protagonista da Sapucaí.
“É a volta por cima da escola, com uma nova gestão, com um novo carnavalesco sensacional, o Leandro Vieira, o mestre de bateria, Luiz Alberto Lolo, e todos os demais. Eu só tenho que dar parabéns para todos e agradecer. É muita felicidade. Tenho certeza de que o Complexo do Alemão está em festa”.
O intérprete Pitty de Menezes disse que o título veio graças à junção precisa de técnica e paixão.
“Foi um trabalho muito árduo e sério. A presidente reforçou a equipe, trabalhou com muito amor. A comunidade acreditou no trabalho, se entregou e hoje veio a consagração. Esse campeonato é para todo o Complexo do Alemão. Para Ramos, Olaria, Bonsucesso, todo mundo que acreditou na Imperatriz. O sonho virou realidade”.
O enredo da Imperatriz Leopoldinense foi inspirado nos cordéis “A Chegada de Lampião no Inferno” e “O grande debate que teve Lampião com São Pedro”, de José Pacheco. Em rede social, ainda no ano passado, Leandro Vieira falou do desenvolvimento do enredo que se sagraria campeão meses depois.
“Para o próximo Carnaval, me debruço na ‘peleja’ inverossímil e delirante dos cordelistas que, após a morte do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião, transformaram em bem-humorado desvario ficcional o destino pós-morte do mítico e controverso personagem. Assim, são os velhos, anedóticos e populares cordéis sobre o tema (como ‘A chegada de Lampião no inferno’, ‘O grande debate que teve Lampião com São Pedro’ ou ‘A chegada de Lampião no céu’) que servem de mote principal para o brasileiríssimo universo artístico desse mergulho”, contou.
Títulos
A Imperatriz Leopoldinense é detentora de nove títulos de campeã do grupo principal do carnaval carioca, conquistados em 1980, 1981, 1989, 1994, 1995, 1999, 2000, 2001 e 2023.
Sendo que em 1980, 1989 e 2001 foi campeã obtendo nota máxima em todos os quesitos. Desfilou pela primeira vez em 1960, com um enredo em homenagem à Academia Brasileira de Letras. Porém, apenas em 1972 ganhou notoriedade, após fazer parte da novela “Bandeira 2”, da Rede Globo.
Naquele ano, apresentou o enredo Martim Cererê, conquistando o 4.º lugar. O samba-enredo daquele ano foi o primeiro a ser incluído em uma trilha sonora de telenovela. Em 2012, outro samba da escola — Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós! – do carnaval de 1989, seria o primeiro samba-enredo utilizado como tema de abertura de uma telenovela. Nesse caso, na novela Lado a lado.
Vice-campeã
A atriz Erika Januza, rainha de bateria da Unidos da Viradouro firmou que não ficou desapontada com o resultado. A escola de Niterói, na região metropolitana do Rio, foi a vice-campeão este ano.
“Foi um desfile muito emocionante da escola. Estamos com essa sensação de dever cumprido. Um trabalho impecável. A gente dá os parabéns para a Imperatriz, que fez um desfile lindo. E carnaval é isso. Perdemos por um décimo, mas a gente está muito feliz. Tenho certeza de que na quadra da Viradouro todo mundo vai celebrar”.
No próximo sábado (25), seis escolas voltam à Sapucaí para o Desfile das Campeãs. Além de Imperatriz Leopoldinense e Viradouro, Unidos de Vila Isabel (3º lugar), Beija-Flor de Nilópolis (4º lugar), Estação Primeira de Mangueira (5º lugar) e Acadêmicos do Grande Rio (6º lugar) participam da festa.