Vale investe em projeto para minerar Serra da Serpentina, cartão postal de Conceição do Mato Dentro
Projeto de mina na Serra da Serpentina é estudado há anos pela empresa, mas ainda não há indicação sobre processo de licenciamento
A Vale mantém equipe em Conceição do Mato Dentro para dar continuidade aos estudos de viabilidade técnica e ambiental na Serra da Serpentina, onde possui direitos minerários. O prefeito do município, José Fernando Aparecido de Oliveira, confirmou que já teve um contato com a empresa no ano passado para tratar do projeto. A concretização, no entanto, deve levar mais algum tempo.
“A Vale já teve um primeiro contato com a gente e já adquiriu terras em Conceição do Mato Dentro. É um projeto de médio e longo prazo, não é para agora. Estamos em compasso de espera para anúncio deste investimento”, comentou o prefeito em entrevista para DeFato Online.
A Serra da Serpentina está ao sul de Conceição do Mato Dentro, em uma área atrás da Serra da Ferrugem, cartão postal do município e local muito frequentado por visitantes e praticantes de esportes radicais. Também engloba as cidades de Dom Joaquim, Carmésia e Morro do Pilar.
A Vale confirma que está realizando estudos de viabilidade técnica e ambiental do projeto de mineração na Serra da Serpentina. A empresa, no entanto, diz que ainda não há definições a respeito do possível empreendimento, nem abertura de processo de licenciamento ambiental junto aos órgãos competentes.
Projeto grandioso
Projeto muito comentado no setor da mineração, a extração na Serra da Serpentina é vista como principal passo a ser dado pela Vale em Minas Gerais. Um mapeamento feito pela empresa em 2007 em todo Quadrilátero Ferrífero apontou que as áreas da mineradora em Conceição do Mato Dentro e cidades vizinhas têm 318 quilômetros quadrados. A título de comparação, toda a cidade de Belo Horizonte tem 331,4 km².
Reportagem da Revista DeFato em 2013, com entrevista do então vice-governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, mostrou que a Vale tem termos de compromisso assinado com o Estado para investir em Conceição do Mato Dentro. Naquela época, era aguardado que a empresa iniciasse a execução do projeto entre 2015 e 2016, o que acabou não se concretizando.
A mesma reportagem apontou, com base de apurações com fontes do setor, que a reserva da Vale na Serra da Serpentina é comparada àquilo que Itabira tinha de minério em 1942, quando foi fundada a antiga Companhia Vale do Rio Doce. O teor de ferro do material a ser explorado é considerado alto, acima dos 60%.
Ligação com Itabira
O projeto de mineração em Conceição do Mato Dentro seria um dos pensados pela Vale para manter ativas as usinas de beneficiamento em Itabira no período pós-exaustão das minas locais. O minério extraído na Serra da Serpentina seria enviado para serem tratados nas instalações itabiranas. Faltaria apenas decidir o ramal que faria essa interligação.
Em entrevista a DeFato Online no fim do ano passado, o gerente-geral da Vale em Itabira, Rodrigo Chaves, comentou sobre essa possibilidade de ligação entre as duas cidades: “A gente escuta muito que o nosso pessoal está andando entre Conceição do Mato Dentro e Itabira, conversando com as pessoas. É isso aí. Normal. Nós temos uma reserva gigantesca lá e pode ser que seja o momento dela. Isso exigiria um alto investimento, um alto nível tecnológico para fazer e teria que haver a interligação. É preciso capital e licenciamento para poder fazer.”
Atualmente, os três modais de interligação à disposição da mineração são ferrovia, mineroduto e correia transportadora. Em dezembro do ano passado, Rodrigo Chaves disse acreditar que em um período de dois a três anos a Vale já se posicione sobre o que planeja para o futuro, especialmente se a ação demandar a abertura de uma nova mina, como seria o caso de Conceição do Mato Dentro.