Caulim pode ser usado na produção de biofiltro
Material pode ser usado como matéria-prima para a produção de zeólita, que tem estrutura cristalina capaz de reter e filtrar determinados elementos, utilizado em filtros de água, por exemplo
Que o caulim está presente no dia a dia das pessoas, como no papel, tinta, lápis de cor, pasta de dente e até em cosméticos, todo mundo já sabe. A novidade é que uma pesquisa da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) revela que o caulim pode ser usado como matéria-prima para a produção de zeólita, material com estrutura cristalina capaz de reter e filtrar determinados elementos, utilizado em filtros de água, por exemplo.
A pesquisa é do professor doutor em Física Manoel Roberval Pimentel Santos, do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) da Ufopa, junto ao estudante de mestrado Ernelison Angly da Silva Santos, bolsista da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação. O objetivo é contribuir para melhorar a qualidade da água e consequentemente da saúde das pessoas que não contam com sistema de saneamento adequado, nem têm acesso à água de qualidade, precisando consumir diretamente do rio, que contém sedimentos e dejetos lançados por embarcações e fossas rudimentares.
A proposta é desenvolver um biofiltro de baixo custo e sustentável, produzido a partir do caulim, argila popularmente conhecida no Pará como “Tabatinga”. “Optamos pelo caulim por ser muito presente em nossa região, o que facilita a implantação da tecnologia pela disponibilidade desta matéria-prima”, declara o pesquisador.
Cooperação
Além do material disponível em Santarém, o pesquisador conta com a colaboração da Imerys, que enviou amostras do caulim utilizado em sua planta de Barcarena para Santos realizar testes de sínteses de zeólitas e comparar o grau de filtragem com os já testados na Ufopa. “É uma oportunidade para cooperarmos com o desenvolvimento de pesquisas que fomentem a saúde e economia das comunidades ribeirinhas de nossa região. Enviamos amostras de caulim de nossa planta industrial para a UFOPA, para que verifiquem a utilização deste minério de melhor teor e deixamos nossas instalações industriais à disposição da pesquisa”, declara Paulo Serpa, diretor de Relações Institucionais da América do Sul da Imerys.
Testes com protótipos
O protótipo do biofiltro é feito em PVC com três camadas de materiais filtrantes: areia, zeólita obtida do caulim e o carvão ativado. Após a filtragem, a água é submetida a análises físico-químicas para verificar se houve retenção de matéria orgânica, alterações na acidez, turbidez e odor. Também é verificada se as pastilhas de zeólita são capazes de eliminar coliformes fecais e bactérias. Testes com água de esgoto pré-tratada, realizados pela estudante da Ufopa, Tatiane Costa, já mostraram bons resultados na coloração e em alguns parâmetros físico-químicos.
A análise de potabilidade se baseia na Portaria nº 2914/2011 do Ministério da Saúde e na Resolução nº 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Próximos passos
Na próxima fase da pesquisa, também está previsto o processo de transformação em escala da zeólita em pastilhas porosas, produzidas a partir da conformação e queima para adquirir resistência mecânica e ser utilizado no biofiltro. “Se atestarmos que o caulim industrial tem mais qualidade, vamos avançar na pesquisa, testando como reaproveitar o rejeito deste minério, do qual também pode ser obtida a zeólita e poderá ampliar as oportunidades de implantação em escala da tecnologia com baixo custo junto às comunidades que demandam água de qualidade para consumo em nossa região”, relata o pesquisador.
(Portal da Mineração)