Esperança em Alta Complexidade
Mastologista Danilo Costa realiza cirurgias inéditas em Itabira e região
Iniciou-se uma nova era na mastologia em Itabira. Essa é a constatação do médico Danilo Costa sobre a situação do tratamento do câncer de mama. Nascido em Barra do Piraí–RJ e formado em Medicina pela Universidade Severino Sombra, de Vassouras-RJ, o mastologista trabalha há quase dois anos em Itabira e lidera, desde maio de 2011, uma equipe clínica multidisciplinar que trata a doença no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD).
Segundo o médico, a cidade já oferece serviços de alta complexidade, antes só encontrados em capitais. “Até então, não existia um profissional que operasse câncer de mama de forma curativa em Itabira. Realizava-se, sim, cirurgias mastológicas, mas não de alta complexidade”, esclarece.
O jovem médico, de 33 anos, casado com Rafaela e pai da pequena Luiza, de pouco mais de um mês de vida, começou a atender no HNSD em março de 2010, quando ainda morava em Belo Horizonte. Depois de assumir o serviço de mastologia, mudou-se definitivamente para Itabira, em junho do ano passado. Dr. Danilo trabalha, também, na Uniclínica, na Itacor e no centro Viva Vida.
Desde que chegou à cidade, o mastologista — amante dos esportes radicais, especialmente de fazer trilhas com sua motocicleta — percebeu que Itabira é um bom lugar para criar sua família e desenvolver bons projetos profissionais. Em solo itabirano ele já operou diversas pacientes, obtendo resultados bastante satisfatórios.
Alguns casos ganharam notoriedade, como o de dona Tereza Dias de Moraes, 88, vítima de um câncer nos dois seios. A doença foi detectada em julho de 2011 e deixou a família apreensiva. Com idade avançada, cardiopata e diabética, o procedimento cirúrgico era um grande risco à aposentada. A neta Simone Almeida Pinto, enfermeira, conta que procurou Dr. Danilo por indicação de terceiros.
Após revelados os resultados dos exames, a operação foi marcada para a retirada dos dois tumores, de uma só vez. “Ele foi tão atencioso e afirmou que, caso não tivesse vaga, atenderia mesmo assim, além de me passar seu celular”, conta a neta.
Tereza se submeteu a um procedimento chamado mastectomia bilateral, quando há a retirada total dos seios, a mais radical operação para câncer de mama,. Após a cirurgia bem sucedida, em setembro de 2011 — a primeira do tipo realizada na região —, a paciente ficou três dias internada no CTI e, em cinco, recebeu alta. “Ele é uma pessoa única. Posso dizer que a família ganhou um amigo”, diz a paciente, referindo-se ao médico. Dr. Danilo confirmou que decidiu operar dona Tereza por ter notado um brilho especial em seus olhos e uma vontade determinante de viver. “Apesar de teoricamente não ser totalmente indicado, devido aos riscos de morte, algo me dizia que teríamos sucesso no procedimento”, relembra.
O problema
O câncer de mama é a primeira causa de morte entre as mulheres no Brasil. “A mulher tem muito mais câncer de mama do que qualquer outro câncer”, afirma o mastologista, alertando para a característica silenciosa da doença, que não dói. Há, ainda, a demora na identificação da lesão, o que normalmente acontece quando o nódulo tem mais de dois centímetros. “É um caso de saúde pública”, alerta o médico.
Além da cirurgia radical (mastectomia), pela qual passou dona Tereza, há também a quadrantectomia, procedimento mais conservador, que preserva parte do órgão afetado. A decisão por um ou outro procedimento depende de diversos fatores, entre eles, a relação entre o tamanho do tumor e o da mama. “O seio não é algo somente estético. Para a mulher, tem um significado transcendental. Representa, primeiro, o atravessar da infância para o início da fase adulta. É, depois, o símbolo da sensualidade. Em seguida, torna-se o símbolo da maternidade. Quando você retira isso dela, é algo que acaba sendo mais impactante do que a retirada de um órgão que às vezes fica escondido”, explica.
Para o futuro, Danilo Costa espera que a ciência avance no estudo do código genético do paciente com predisposição a desenvolver determinadas doenças, principalmente o câncer. Com o sucesso das pesquisas, será bem mais fácil a antecipação do tratamento, possibilitando resultados cada vez mais eficientes e menos invasivos. A identificação precoce das lesões malignas é algo que deve acontecer a curto prazo, bem como o aumento contínuo do número de cirurgias conservadoras. A longo prazo, o médico acredita nas pesquisas genéticas preventivas e, de uma maneira menos intensa, nos estudos com robótica e videocirurgia.
Até que os avanços se consolidem, Itabira já tem o que comemorar, pois tem à disposição uma equipe clínica multidisciplianr competente no tratamento do câncer de mama, liderada por um profissional que ama o que faz.