Salários atrasados e surto de dengue agravam crise no Hospital Margarida em Monlevade
Sem receber seus salários há quatro meses, os médicos do Hospital Margarida, em João Monlevade, deram um prazo até sexta para a instituição se posicionar. Segundo a diretora clínica da instituição, a médica Adriana Loureiro Gomes, os profissionais ainda não estão cogitando paralisação ou suspensão do atendimento, mas querem um posicionamento da instituição até essa […]
Sem receber seus salários há quatro meses, os médicos do Hospital Margarida, em João Monlevade, deram um prazo até sexta para a instituição se posicionar. Segundo a diretora clínica da instituição, a médica Adriana Loureiro Gomes, os profissionais ainda não estão cogitando paralisação ou suspensão do atendimento, mas querem um posicionamento da instituição até essa sexta-feira, dia 10.
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Os médicos que estão sem receber enviaram uma carta à administração do hospital e ao provedor, dando prazo de 30 dias (que vence na próxima sexta) para a apresentação de uma solução, mesmo que paliativa.
Números da dengue
O momento não poderia ser mais delicado para um eventual fechamento do Hospital Margarida, em João Monlevade, em função da crise financeira na instituição, conforme cogitado pelo próprio provedor, José Roberto Fernandes.
João Monlevade sofre um surto de dengue que exige muito das equipes multidisciplinares. Os dados atualizados nessa quarta-feira, dia 8, são preocupantes: 316 casos suspeitos, 65 confirmados e três mortes em investigação.
Escalonamento
De acordo com a diretora Adriana Gomes, os médicos querem pelo menos uma estimativa de quando o dinheiro vai sair. “Se não tiver nenhuma possibilidade de acerto financeiro, que seja escalonado, ou pelo menos uma previsão para que os médicos possam trabalhar com alguma tranquilidade”, declarou ela à reportagem do DeFato Online.
Se a resposta não for satisfatória, uma nova assembleia será realizada para decidir quais caminhos tomar.
“Em nenhum momento, isso tem de ficar muito claro, os médicos pensaram em paralisação, em fechar serviço; isso não passou pela nossa cabeça. Queremos fazer a coisa legal, de maneira tranquila, sem indispor com ninguém. Mas, obviamente, isso tem um tempo. Ninguém consegue sobreviver sem a remuneração do seu trabalho”, afirmou a médica.
De acordo com a diretora clínica, a médica Adriana Gomes, “é do interesse dos profissionais que a população não fique, em nenhum momento, desassistida”. Contudo, segundo ela, já há profissionais trabalhando estressados porque não sabem mais de onde tirar dinheiro para honrar seus compromissos.
“O médico sofre mais porque, supostamente, é quem pode suportar um tempo maior sem recebimento. Mas, obviamente, isso tem limite”, afirma.
A informação de que a situação financeira do Hospital Margarida, em João Monlevade, chegou ao limite foi divulgada na semana passada pela própria instituição. Conforme o provedor José Roberto Fernandes, os governos do Estado e Federal não têm cumprido com os repasses constitucionais, confisco que, segundo ele, ultrapassa R$ 5,5 milhões (R$ 4,5 milhões do Estado e R$ 1 milhão do Governo Federal).