Número de mortes por dengue cresce 163% em um ano

O número de mortes causadas por dengue mais do que dobrou em um ano no país: saltou de 139 no primeiro semestre de 2018 para 366 no mesmo período deste ano, um aumento de 163%. Os dados constam no boletim mais recente do Ministério da Saúde sobre doenças transmitidas pelo Aedes aegypti , que inclui casos […]

Número de mortes por dengue cresce 163% em um ano
Foto: Arquivo/DeFato Online

O número de mortes causadas por dengue mais do que dobrou em um ano no país: saltou de 139 no primeiro semestre de 2018 para 366 no mesmo período deste ano, um aumento de 163%. Os dados constam no boletim mais recente do Ministério da Saúde sobre doenças transmitidas pelo Aedes aegypti , que inclui casos registrados até 8 de junho. É o maior número de mortes desde 2015, quando a dengue matou 752 pessoas.

O estado de São Paulo lidera o ranking de óbitos, com 145 registros. É seguido por Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, com 79, 29 e 24 casos, respectivamente. A quantidade de casos prováveis de dengue (que inclui também os suspeitos) aumentou ainda mais no período: saltou de 170.628 para 1.127.244, um aumento de 561%.

Os estados com maior incidência da doença por 100 mil habitantes foram Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, com 1.804, 1.230 e 1.164 casos. O pico deste ano foi em abril. A circulação de um sorotipo diferente do vírus da dengue, mudanças climáticas e a urbanização sem planejamento ajudam a explicar o crescimento, segundo infectologistas consultados pela Folha.

Neste ano, predomina o sorotipo 2 da dengue no país, segundo o Ministério da Saúde. É mais agressivo do que o sorotipo 1 e o 4, que circulavam com mais intensidade –o vírus tem ainda um quarto subtipo, o 3. Frequente em análises no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, o tipo 2 circulou com maior força pela última vez em 2008 no país. Como muitas pessoas não foram infectadas pelo sorotipo 2 e, por isso, não foram imunizadas, ficam mais suscetíveis à contaminação, explica Marcelo Burattini, professor do departamento de Infectologia da Unifesp.

O infectologista acredita que, por causa dessa mudança no sorotipo, o cenário no ano que vem pode ser pior, já que haverá mais mosquitos portando o tipo 2. A dinâmica dos sorotipos faz a dengue ser uma doença cíclica, com alternância de epidemias, como mostram dados de anos anteriores. As temperaturas elevadas e o alto volume de chuvas registrados neste ano também podem ter contribuído para o crescimento nos números. No estado de São Paulo, por exemplo, o verão deste ano foi o quinto mais quente da história, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Historicamente, a incidência de dengue costuma aumentar no verão e diminuir a partir de abril. “A peculiaridade deste ano foi que os casos começaram a aumentar antes do esperado”, diz Melissa Falcão, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia. “E o término da epidemia também será mais tardio.” A dengue é transmitida pelo Aedes aegypti, que se prolifera em água parada. Os sintomas mais comuns da doença são febre alta, dores musculares e nos olhos, mal estar, perda de apetite e dor de cabeça.
Usar repelente, especialmente no início da manhã e no fim da tarde, e eliminar possíveis criadouros, como vasos de plantas, pneus e garrafas plásticas, são formas de prevenir a doença.

O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que realiza ações de prevenção e combate ao mosquito transmissor da doença em conjunto com estados e municípios. E que cabe às autoridades locais executar as ações, que incluem visitas de agentes para eliminar criadouros. A pasta também diz que oferece apoio técnico e insumos para combater o inseto. O investimento em ações de vigilância em saúde, incluindo de combate ao Aedes aegypti, foi de R$ 1,9 bilhão em 2018, segundo o governo.

Em meio ao aumento de casos, o ministério anunciou em abril a ampliação dos testes com mosquitos Aedes aegypti contaminados pela bactéria Wolbachia. Ela é capaz de reduzir a capacidade do inseto de transmitir o vírus da zika, chikungunya e febre amarela.
Após os testes, o método deve ser incorporado ao SUS. De acordo com a pasta, o método é seguro para as pessoas e para o ambiente, pois a Wolbachia vive apenas dentro das células dos insetos. Foram investidos R$ 22 milhões na iniciativa.

Número de mortes por dengue cresce 163% em um ano
2019: 366
2018: 139
2017: 107
2016: 318*
2015: 752
*O número é referente ao boletim do ano de 2016, não ao de 2017, que traz o número atualizado mas não está disponível no portal do Ministério da Saúde

Estados com mais óbitos
São Paulo: 145
Minas Gerais: 79
Goiás: 29
Distrito Federal: 24
Mato Grosso do Sul: 23

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