Itabira tem média de 18 casos de suicídio por ano, afirma diretor de Saúde Mental
Apesar de ainda ser considerado um tabu, o tema suicídio em Itabira foi discutido amplamente na tarde desta terça-feira (30) na Câmara de Vereadores. O psicólogo e diretor da Saúde Mental em Itabira, Marcelo Amorim Castro, falou abertamente sobre o assunto, apresentou dados e afirmou: “Itabira tem um índice significativo, mas não somos os líderes, […]
Apesar de ainda ser considerado um tabu, o tema suicídio em Itabira foi discutido amplamente na tarde desta terça-feira (30) na Câmara de Vereadores. O psicólogo e diretor da Saúde Mental em Itabira, Marcelo Amorim Castro, falou abertamente sobre o assunto, apresentou dados e afirmou: “Itabira tem um índice significativo, mas não somos os líderes, felizmente”. Segundo Marcelo Amorim, a média anual em Itabira é de 18 suicídios.
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“Passamos muito longe de sermos líderes [em suicídios]. Temos pelo menos umas 15 a 20 cidades na nossa frente. Vamos usar como analogia um campeonato de futebol: estaríamos caindo para a segunda divisão em casos de suicídio. Isso é um bom sinal. Agora, é claro que é preciso ações, que precisamos melhorar o lazer do povo, a saúde, e dar condições às pessoas de terem uma vida mais plena, mais satisfatória. Assim a gente previne o suicídio”, declarou o psicólogo que esteve na Câmara a convite do vereador André Viana Madeira (Podemos).
Segundo Marcelo Amorim, a média anual em Itabira é de 18 suicídios. No Estado de Minas Gerais a média é de 12 casos por ano. Mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. No Brasil, cerca de 11 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos – dados apresentados pelo Ministério da Saúde em setembro de 2017. Esta é considerada a segunda principal causa morte de jovens entre 15 e 29 anos.
Entre 2011 e 2016, foram 62.804 casos de suicídio no país – 79% cometido por homens. A projeção para 2020 é que mais de um milhão e meio de pessoas cometam suicídio e que o número de tentativas seja até 20 vezes maior que o número de mortes.
“Esse é um assunto que por muitos anos as pessoas evitaram de tocar nele. Tinha aquela ideia que se abordasse o suicídio estaríamos estimulando um maior número de ocorrências. Então, acho importante estar aqui na Câmara para esclarecer as pessoas. Com a informação a gente limita a ação negativa, neste caso. Itabira tem um índice significativo, mas não somos os líderes, felizmente”, destacou o diretor de Saúde Mental.
Óbitos
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), alimentado pela Secretaria Municipal de Saúde, apontam que os óbitos por suicídios de 2013 a 2017 somam 44 casos. Os números oscilam neste período. Foram registrados 7 casos em 2013; 14 em 2014; 9 em 2015; 11 em 2016 e 3 em 2017. O sistema nacional demora dois anos para ser atualizado, por isso 2017 é o último ano analisado.
Os dados divergem se comparados com os do InfoView, sistema da Polícia Militar. No mesmo período, a PM registrou 43 casos de suicídio em Itabira. Sendo: 6 em 2013; 11 em 2014; 6 em 2015; 11 em 2016 e 9 em 2017.
Tentativas
De 2013 a 2017 as tentativas de autoextermínio apresentaram queda em Itabira. Os dados são do Sinan. Em 2013 foram 144 tentativas de suicídio; em 2014 esse número caiu para 114. No ano seguinte foram registradas 89 tentativas de autoextermínio. Em 2015 foram 94 e em 2016 28 tentativas.
Em 2017, último ano analisado, foram 75 casos de tentativas de suicídio. No somatório desse período, o Sinan registrou 455 tentativas de autoextermínio em Itabira. Intoxicação por uso de medicamentos é o principal método utilizado nas tentativas de suicídio – 316 casos de 2013 a 2017. Em seguida vem envenenamento por raticida – 45 casos em cinco anos. Lesões de natureza física somam 27 casos.
Prevenção
Segundo o Ministério da Saúde, nos locais onde existem Centros de Apoio Psicossocial (Caps), uma iniciativa do SUS, o risco de suicídio reduz em até 14%. Em Itabira, o Caps funciona na avenida Cauê, 934, bairro Campestre. As dúvidas sobre como funciona o atendimento podem ser esclarecidas através dos telefones 3839-2192 ou 3839-2323.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone.
Em Itabira, o atendimento é feito todos os dias, das 18h às 22h, pelo telefone (31) 3831-4111. Em todo o Brasil o CVV atende através do número 188, a ligação é gratuita e o atendimento é 24h.