Cantora Margareth Menezes aceita ser ministra de Cultura do governo Lula

Margareth não estava entre os primeiros nomes ventilados para assumir a pasta

Cantora Margareth Menezes aceita ser ministra de Cultura do governo Lula
Foto: Ricardo Stuckert/ PT

A cantora baiana Margareth Menezes, de 60 anos, será a ministra da Cultura do governo Lula. O próprio presidente eleito confirmou a notícia ontem, por meio de um pronunciamento em suas redes sociais depois de uma reunião realizada em Brasília.

Margareth agradeceu pelo convite e respondeu assim:

“Eu, como artista, sei que não será fácil (reerguer a cultura do País), por isso, peço o apoio e a força de todos os artistas, mobilizadores, realizadores e agentes culturais do Brasil e também de cada cidadão, para juntos, de mãos dadas, restabelecermos com plenitude essa área que é tão ampla, tão diversa e fundamental para todos nós”.

Margareth não estava entre os primeiros nomes ventilados para assumir a pasta. O mais forte deles era o de outra cantora baiana de perfil parecido, Daniela Mercury. Segundos fontes ouvidas pelo jornal, Daniela chegou a ser cogitada pela equipe de Lula, mas não aceitou o cargo por estar em um momento de vida, com questões pessoais e profissionais, incompatível com as funções de ministra. A idade dos pais (84 e 94 anos), a filha caçula com Malu Mercury entrando na adolescência e as novidades de sua carreira artística, com um álbum novo recém-lançado, seriam as mais fortes.

Discurso forte

O convite a Margareth Menezes dividiu opiniões no meio cultural. O produtor Luiz Carlos Barreto, por exemplo, preferia um nome mais técnico, alguém que conheça melhor os bastidores de Brasília – chegou a citar o ex-ministro Juca Ferreira. Mas a escolha da cantora negra e nordestina – Lula vinha sendo criticado pela falta de diversidade dos anunciados até agora – foi comemorada por pessoas que conhecem o trabalho que ela faz fora dos palcos.

Com 35 anos de carreira, Margareth é considerada a principal representante do afropop brasileiro – e não da axé music, uma confusão que a coloca em comparação equivocada com Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Claudia Leite. Sua presença forte e discursos racial e feminista enfáticos já renderam 17 obras lançadas, entre LPs, CDs e DVDs, quatro indicações ao Grammy e 23 turnês internacionais.

Em 2020, foi nomeada embaixadora do Folclore e da Cultura Popular do Brasil pela IOV/Unesco. E, em 2021, passou a integrar a lista das cem personalidades negras mais influentes do mundo pela Mipad 100, uma entidade chancelada pela ONU. Em 2004, Margareth fundou a Associação Fábrica Cultural, uma entidade sem fins lucrativos, que atua nos eixos de Cultura, Educação e Sustentabilidade.

*Conteúdo Estadão