Carro de som falha na hora de simulação de evacuação em Barão de Cocais

A simulação de evacuação em Barão de Cocais, na tarde desta quinta-feira, dia 25, em caso de rompimento da barragem de minério, apresentou algumas falhas. A principal delas foi o não-funcionamento do recarro de som, cujo áudio foi considerado inaudível pelo próprio prefeito, Décio Geraldo dos Santos, e pelos moradores que seguiram a rota de […]

Carro de som falha na hora de simulação de evacuação em Barão de Cocais
|Patrícia

A simulação de evacuação em Barão de Cocais, na tarde desta quinta-feira, dia 25, em caso de rompimento da barragem de minério, apresentou algumas falhas. A principal delas foi o não-funcionamento do recarro de som, cujo áudio foi considerado inaudível pelo próprio prefeito, Décio Geraldo dos Santos, e pelos moradores que seguiram a rota de fuga em direção à praça José Furtado, um dos sete pontos de acolhimento determinados pela Defesa Civil e pela mineradora Vale. As pessoas também reclamaram da presença de veículos nas ruas, contrariando a orientação para que todos deixassem as casas a pé.

“Não temos os dados ainda. Visualmente houve uma grande adesão de pessoas. Simulado é para isso, para vermos o que deu certo e não. Já observamos que o carro de emergência foi baixo e já vamos informar isso à Defesa Civil. No geral, o simulado foi aceito pela população”, disse o prefeito. Devido à simulação, foi decretado feriado no município. O porta-voz da Defesa Civil, tenente-coronel Flávio Godinho, considerou o treinamento um sucesso. Segundo ele, o tempo previsto da evacuação era de uma hora e 12 minutos, mas aconteceu em 32 minutos. Sobre o problema no carro de som, ele falou que será verificado (veja vídeo). “Esse apontamento será levado em consideração e vamos determinar à empresa contratada que eleve o som”, disse.

O empresário José Celso Gonçalves também reclamou do carro de som. “A gente escutou as sirenes da polícia. O comunicado de som a gente não conseguiu entender o que estava falando. Ao entregar o formulário, fiz questão de ressaltar isso”, disse. O treinamento de evacuação teve início às 16h desta quinta-feira e aconteceu devido ao risco iminente de rompimento da barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco, conforme alerta de nível 3 dado no último dia 22. Dias antes, em 8 de fevereiro, um alerta de nível 2 já tinha levado à retirada de cerca de 400 pessoas que vivem na zona de autossalvamento.

Simulação
As sirenes começaram a tocar pontualmente às 16h, mesmo horário em que os carros de som circularam. Muitos moradores já estavam nas portas das casas esperando o início do treinamento. Elas acompanharam os líderes comunitários voluntários, que se encontravam a cada esquina, sinalizando o caminho e chamando a população para se dirigirem aos pontos de acolhimento. Era possível ver muitas mulheres e crianças. A Defesa Civil havia ressaltado para que a caminhada fosse de forma calma.

Veículos na rua

Apesar da orientação, foram observados automóveis, motos e até caminhão circulando. “A saída lá de casa foi tranquila, mas minha vizinha estava muito emocionada. Com uma criança de dois meses e outra  de dois anos. Tive que ajudá-la a enfrentar o trânsito. Tinha bicicleta, moto, carro. Faltou respeito de quem estava em veículo”, disse a moradora Inês.

Patrícia, Inês e Leninha,moradoras de Barão de Cocais

Às 16h15, a turma acompanhada pela reportagem chegou ao posto de acolhimento na praça José Furtado, um dos sete pontos de acolhimento estabelecidos dentro de Barão de Cocais, onde começaram a ser cadastrados por funcionários da Vale e integrantes da Defesa Civil. Após efetuado o cadastro, as pessoas receberam um envelope, com pulseira de identificação. Também foi feita a distribuição de água e lanches. “A simulação foi péssima. Deixei o meu pai de 101 anos em casa, que é o morador mais velho de Barão. O carro de som não pôde ser ouvido. Imagina se fosse um dia normal, de surpresa”, declarou Patrícia. Mas houve quem elogiasse a simulação. “O trajeto foi tranquilo. Achei bem organizado, bem sinalizado. Gastei cinco minutos para chegar ao ponto de acolhimento, bem organizado”, disse Paulo, que levou o seu cachorro no treinamento.

Leninha, voluntária da Defesa civil, considerou que a simulação da evacuação foi normal, mas disse que toda a situação a deixa muito angustiada. “Estou muito sentida. Moro dentro da área de risco, o rio passa dentro do meu terreno. Já passei por várias enchentes, mas isso é coisa de Deus. Esta ameaça de uma barragem estourar e saber que a mancha vai chegar até a gente é muito doloroso”, disse emocionada.