Chavismo pressiona Parlamento venezuelano para aprovação de “lei antifascismo” diante do aumento de protestos no país

A crise da Venezuela já provocou a prisão de 2,4 mil pessoas

Chavismo pressiona Parlamento venezuelano para aprovação de “lei antifascismo” diante do aumento de protestos no país
Foto: slon.pics/Freepik

Diante do aumento de protestos em centenas de cidades da Venezuela e manifestações espalhando-se pelo mundo, contra o resultado das eleições no último dia 28, o presidente Nicolás Maduro, liderando uma passeata, cobrou do Parlamento a aprovação urgente de uma ‘lei contra o fascismo, o neofascismo e os crimes de ódio’.

Na oportunidade, maduro provocou o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, sugerindo que ele preparava uma fuga do país.

“Estamos enfrenando um povo malévolo, fascista, vocês entendem o que é o fascismo? É o ódio, a intolerância, transformados em violência. Por isso, apoio com todas as minhas forças o que o povo está fazendo com a Assembleia Nacional e peço que aprove muito rapidamente a lei contra o fascismo, o neofascismo e os crimes de ódio”, disse maduro em frente ao Palácio Miraflores.

A lei proposta pelo ditador prevê punição a quem promova reuniões ou manifestações que, na visão do chavismo, façam apologia ao fascismo, além de tornar ilegal os partidos políticos e multas de até US$ 100 mil a empresas, organizações ou meios de comunicação que patrocinem atividades ou divulguem informações que possam incitar o fascismo.

Na última quinta-feira (15), o Parlamento, que tem maioria chavista, aprovou o primeiro pacote solicitado por Maduro, regulamentando as ONGs do país, denunciado por ativistas, defensores de direitos humanos e a comunidade internacional como um meio para reprimir os direitos civis e recrudescer a repressão no país.

Em seu discurso, Maduro afirmou que a oposição não tem líderes, questionando a ausência de González, que não é visto desde o último dia 30 de julho.

Onde está escondido Urrutia? Está escondido em uma caverna e preparando sua fuga da Venezuela.

Urrutia e a líder da oposição, María Corina Machado, se encontram na clandestinidade desde que as autoridades abriram uma investigação criminal contra eles, “por instigação à rebelião”, entre outros crimes.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, divulgou na semana passada a morte de 25 pessoas e mais de 192 feridas nos protestos que questionam o resultado apontado pela CNE venezuelano.

A ONU estima que mais de 2,4 mil pessoas estão detidas na repressão do governo.

Corina denunciou, em uma publicação no X, a prisão de Piero Maroún, líder do partido Ação Democrática, posteriormente libertado. ONGs de direitos humanos denunciaram a prisão de um político, um padre e um advogado.

A jovem Mabel Meléndez foi detida por ter construído um tanque de madeira que desfilou em meio a manifestantes em Carabobo, com as palavras “perdão, reconciliação e união”.

Gilberto Reina, diretor de um meio de comunicação foi preso em sua casa, por ter convocado cidadãos da capital para participarem das manifestações que contestavam a vitória de Maduro.

Corina, saída da clandestinidade para participar das manifestações, bradou em Caracas: “Eles não poderão esconder com sua repressão o que todos sabem (…) Liberdade para todos os sequestrados e presos políticos”.

Corina afirma ter cópias de mais de 80% das atas que confirmam a vitória acachapante de González Urrutia, desmentindo o resultado oficial de 52% dos votos para Maduro, divulgados pelo CNE.

* Fonte: O Globo com AFP