Olha a curva!
As manchetes da imprensa apontavam o período entre 06 e 20 de abril como o pico da curva de casos confirmados
Iniciamos o mês de abril com a expectativa de algo muito ruim pela frente. Aquela aguardada nuvem negra transformaria o Brasil num grande cemitério com covas abertas por todos os lados, e incontáveis corpos amontoadas pelos cantos, vítimas fatais do vírus chinês.
As manchetes da imprensa apontavam o período entre 06 e 20 de abril como o pico da curva de casos confirmados, a tal curva exponencial, argumento massificado que confunde quem foi reprovado até nas aulas de Educação Física.
Neste Brasil, o sexto país mais populoso do planeta, os dados compilados pelo Ministério da Saúde – entre o primeiro caso e o dia 21 de abril – apresentaram 12 óbitos do Corona por milhão de habitantes. Um dos menores do mundo. No entanto, 80% desse total ocorreram nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e Amazonas. Números que destoam dos indicadores nacionais e justificam a investigação caso a caso, para não creditar ao vírus chinês os óbitos por picada de cobra, acidentes de carro, unha encravada etc.
Em Minas Gerais, a pandemia provocou a morte de 44 pessoas, 4% de todo o país. No do Vale do Aço, região central mineira, onde vivem cerca de 700 mil habitantes, não há registro de nenhuma vítima fatal no período.
Segundo o ditado que ‘a ocasião faz o ladrão’, o Covid-19 chega no período de preparação das eleições municipais brasileiras, evento para formação de agentes multiplicadores dos Deputados, Senadores, Governadores e Presidentes, de olhos voltados para 2022.
Meticulosamente, estes pretensos representantes do povo fazem uso político da pandemia para sangrar os recursos do tesouro nacional (ainda que escassos) distribuídos a suas bases eleitorais. As verbas emergenciais da saúde são usadas dispensadas as Licitações, quando sob Decreto de Calamidade. Quem assume esta conta é o cidadão pagador de impostos, a primeira vítima do clima de pânico instalado.
A pandemia já provocou o fechamento de inúmeras empresas e a demissão de milhares de trabalhadores brasileiros; todos sob a batuta dos especialistas que desconsideram as estatísticas e as peculiaridades deste país, dentre as quais a distribuição de sua população. No Norte e Centro Oeste são 10 hab/km2, no Sul e Nordeste próximo a 50. No Sudeste são quase 100 hab/km2. Apenas para comparação, a Itália possui 200 hab/km2 e a Bélgica 350.
Ou seja, a região mais populosa do Brasil detém a metade da média italiana e quase a quarta parte da belga, duas nações fortemente afetadas pela pandemia. A densidade populacional deveria ser considerada como primeira variável para aplicação das regras de bloqueio e isolamento social.
Cidades estão totalmente fechadas; comércio e escolas impedidos de funcionar. Homens e mulheres – coagidos de forma excessiva e desnecessária – têm seus celulares vigiados e estão proibidos de caminhar nos parques e até em praias.
Os dias passam e o Brasil segue sitiado quase por completo, enquanto o pico da curva nunca chega e milhares de UTIs permanecem vazias.
André Moreira, brasileiro, publicitário, consultor em marketing e Diretor da Praxis Opinião e Mercado
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