Comandantes das Forças Armadas deixam seus cargos
Foi confirmada, nesta terça-feira (30), a troca de comando no Exército, Marinha e Aeronáutica; a decisão foi motivada após o general Braga Netto assumir Ministério da Defesa
O Ministério da Defesa confirmou, nesta terça-feira (30), que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica serão substituídos — mas o novos nomes ainda não foram anunciados. A decisão foi comunicada, segundo a pasta, na reunião dos três oficiais com o novo ministro, general Walter Braga Netto, e o antecessor, general Fernando Azevedo e Silva.
A reunião dos comandantes das Forças Armadas, que aconteceu na manhã desta terça-feira, teve momentos de tensão. De acordo com informações do Estadão, mais exaltado no encontro foi o almirante Ilques Barbosa, da Marinha, com reações que beiraram à insubordinação, conforme relatos de presentes.
O encontro dos oficiais com Braga Netto foi marcado após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demitir Azevedo e Silva do Ministério da Defesa, na segunda-feira (29). O agora ex-ministro resistiu a um alinhamento político das Forças Armadas com o Governo Federal.
Além do comandante do da Marinha, o do Exército, general Edson Leal Pujol, e o da Aeronáutica, Moretti Bermudes, colocaram seus cargos à disposição.
A intenção dos três comandantes com o gesto é deixar claro que não dariam um passo que possa contrariar a Constituição ou caracterizar ingerência nos outros Poderes — Judiciário e Legislativo.
Mais mudanças
No compasso das mudanças que vêm acontecendo no Governo Federal, o presidente Jair Bolsonaro também decidiu trocar o comando do Ministério da Justiça e da Advocacia-Geral da União (AGU), dois órgãos sensíveis para os interesses do Palácio do Planalto.
Na chefia da Justiça, foi nomeado o delegado da Polícia Federal (PF), Anderson Torres, amigo do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O novo ministro terá a PF subordinada à sua pasta e entra no lugar de André Mendonça, que agora deixa o cargo e retorna à AGU.
Mendonça é considerado um dos nomes favoritos para a vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) em julho, com a aposentadoria compulsória de Marco Aurélio Mello. A troca foi confirmada após Torres se reunir com Bolsonaro no Palácio do Planalto na tarde de segunda-feira (29).
Troca de titulares de seis ministérios
Todas as mudanças ministeriais foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (30). Além da Defesa, Justiça e Advocacia-Geral da União, também aconteceram mudanças na Casa Civil, Secretaria de Governo e Relações Exteriores.
As mudanças vêm depois de o chanceler Ernesto Araújo virar alvo de pressões dentro e fora do Governo pelo desempenho ruim à frente da política externa do país e nas negociações por vacinas e pedir demissão do cargo. A vaga no Itamaraty será ocupada pelo embaixador Carlos Alberto Franco França, que estava na chefia da assessoria especial da Presidência.
O general Walter Braga Netto sai da Casa Civil para assumir o Ministério da Defesa. Ele será substituído por Luiz Eduardo Ramos, que sai da Secretaria de Governo.
Para o lugar de Ramos, que vinha sendo o principal articulador do Planalto com o Congresso, entrou a deputada Flávia Arruda (PL-DF), reforçando a participação do Centrão no governo. Flávia, que atuava como presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), é uma das principais lideranças do PL.
Veja aqui todo os novos ministros:
- Relações Exteriores: Carlos Alberto Franco França;
- Defesa: Walter Braga Netto;
- Casa Civil: Luiz Eduardo Ramos;
- Secretaria de Governo: Flávia Arruda;
- Advocacia-Geral da União: André Mendonça;
- Justiça e Segurança Pública: Anderson Torres.