Condenado a prisão por rachadinha, ex-vereador Nenzinho tenta reeleição

O processo corre em segredo de justiça e o candidato responde em liberdade

Condenado a prisão por rachadinha, ex-vereador Nenzinho tenta reeleição
Foto: Thamires Lopes/DeFato
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O itabirano Weverton Júlio Limões, conhecido como “Nenzinho”, concorre, mais uma vez, a uma das vagas de vereador nas eleições 2020. Preso em 2019, acusado pelo Ministério Público de cometer o crime popularmente conhecido como “rachadinha”, ele responde ao processo em liberdade.

Ele foi condenado a seis anos de prisão, em regime semiaberto, por recebimento de vantagem indevida em razão da função. O processo segue em segredo de justiça. Na época, Nenzinho cumpria mandato como vereador de Itabira pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN). Agora, ele tenta a se eleger novamente pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Nenzinho não declarou bens e a candidatura ainda está em processo de análise, aguardando julgamento. As informações podem ser acessadas no site Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais, criado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entenda o caso da “rachadinha”

Em julho de 2019, o vereador Nenzinho e, o então diretor da Câmara de Itabira, pastor Ailton Moraes, foram presos. De acordo com a denúncia protocolada no Ministério Público Estadual, entre abril de 2017 e junho de 2019, pelo menos dois servidores foram obrigados a abrir mão de parte de seus salários.

Indicados por Ailton e contratados pelo gabinete de Nenzinho, cada um deveria receber um salário de R$ 3,8 mil. Mas, para fazer a remuneração de Marilene Cristine, esposa de Ailton, sem parecer nepotismo, a maior parte do salário, R$ 2,8 mil, era repassada para ela.

Segundo consta na decisão da justiça, documentos bancários da própria Câmara Municipal comprovam as transações que viabilizaram a prática da “rachadinha”.

Nenzinho e o pastor Ailton ficaram presos por quatro meses, pois estariam coagindo testemunhas e prejudicando as investigações. Eles tiveram o alvará de soltura expedido em 7 de novembro de 2019.

Marilene Cristina foi condenada a um ano de detenção e cinco meses em regime aberto. Por ser primária e ter confessado, sua pena foi transformada em prestação de serviços à comunidade e pagamento de um salário mínimo a uma instituição assistencial.

Mesmo soltos, ambos precisam cumprir algumas medidas cautelares, como a impossibilidade de frequentarem a Câmara. Nenzinho não pôde reassumir seu mandato como vereador e, mesmo não sendo cassado, sua cadeira foi ocupada por Júlio do Combem (PP).

Candidato se manifesta

A reportagem da DeFato procurou pelo candidato a vereador para saber o um pouco mais sobre seu retorno à vida política. Nenzinho fez questão de responder que “quem foi preso fui eu, não os meus sonhos. Eu estou vivo e enquanto há vida, há esperança”.

Ao ser perguntado sobre as estratégias políticas que irá adotar nas eleições 2020, o candidato a vereador disse que seu currículo como parlamentar fala por si. “Fui um vereador atuante na Câmara de Itabira, nas comunidades e junto às periferias. Trabalhei em prol dos menos favorecidos e mesmo que eu não adote uma estratégia fixa para a campanha desse ano, as pessoas me conhecem e sabem meu papel diante delas”

Para disputar, novamente, uma vaga na Câmara, Nenzinho optou por se filiar ao PSDB. Ele explicou que seu antigo partido, o PMN, não teve diretório em 2020. “O último presidente deixou o partido e não teve quem assumisse seu lugar. Para não ficar sem disputar as eleições, eu aceitei o convite de ir para o PSDB. Estou muito feliz, já que é um partido com as pessoas sérias e idôneas”, encerrou.