Conquistar a guerra com paciência: a história da fotógrafa Cris

Após um câncer e um AVC, Cris Guerra ensina a importância dos detalhes da vida

Conquistar a guerra com paciência: a história da fotógrafa Cris
Hoje, Cris caminha com o auxílio de uma muleta e já dá seus primeiros passos sem ela. Foto: Mariana Ribeiro/DeFato Online

Pentear os cabelos, pegar o celular, caminhar… Essas são atividades cotidianas que não prestamos atenção e que tem sido motivo de comemoração para Cris Guerra. No início deste ano, a fotógrafa sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) frontal que acarretou na amputação de seus dois pés e parte dos dedos das mãos. Após um período de fisioterapia e adaptação às próteses, cada pequeno detalhe da vida se tornou uma festa. 

Foi no Dia das Mães que Cris foi levada para o hospital por causa de uma dengue hemorrágica. Além do AVC, a mulher também teve uma pneumonia e uma infecção bacteriana grave. Ao todo, foram 84 dias de internação.

“Cada dia é um ganho que tenho. Comecei escovando meus dentes sozinha, penteando o cabelo, tomando banho sozinha… São pequenas coisas às quais damos enorme valor”.

Essa não é a sua primeira batalha. Há cerca de 20 anos, Cris enfrentou um linfoma de Hodgkin, uma espécie de câncer no sangue e, após um tratamento de quimioterapia, foi curada.

A itabirana é conhecida por registrar momentos importantes de afeto. Suas lentes já captaram nascimentos, aniversários e casamentos. “Sempre tive paixão por fotografia desde nova. Tenho duas irmãs gêmeas e comecei a fotografar quando elas nasceram – eu tinha 11 anos. Depois disso, comprei várias câmeras até começar a me profissionalizar”, relembra.

Recentemente, postou a sua primeira foto depois do acidente: uma flor vermelha que nasceu ali mesmo no seu jardim. Feita com o celular, a fotógrafa conta que costuma utilizar uma caneta para tocar a tela.

Após um período na cadeira de rodas e várias sessões de terapia, Cris já dá os seus primeiros passos com as novas próteses. Para ela, é necessário viver o processo com calma. “As pessoas podem pensar que é só colocar uma prótese e sair andando, mas não é assim, porque, quando coloquei pela primeira vez, senti um peso muito grande. Estava seis meses sem andar, então não foi fácil”, comenta.

Para o futuro, Cris planeja colocar alguns sonhos em prática, como voltar a fotografar e correr. Em um mundo de muita ansiedade pela realização de desejos, Cris ensina que as metas são alcançadas com paciência: “Sempre mostro esse lado para as pessoas não se desesperarem, porque nem tudo está perdido. Hoje, estou sem minhas duas pernas, mas estou viva e andando. Estou viva! Isso é o mais importante”.

Cris Guerra dá seus primeiros passos com a prótese provisória. Foto: Mariana Ribeiro/DeFato Online