Consulados vão prestar assistência a crianças brasileiras em abrigos nos EUA
Segundo o cônsul-geral adjunto do Brasil na cidade de Houston, Felipe Santarosa, pelo levantamento do Itamaraty, 49 meninos e meninas brasileiros estão nesse tipo de situação
O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota nessa quarta-feira, 20 de junho, orientando os consulados do Brasil nos Estados Unidos a mapear os abrigos onde as crianças brasileiras que foram separadas dos pais estão instaladas. Eles também deverão prestar assistência a elas com visitas constantes e fornecer informações aos pais sobre possíveis caminhos jurídicos para a recuperação da guarda dos meninos e meninas apartados.
O Itamaraty disse que “acompanha com muita preocupação” a situação das crianças brasileiras e afirma que espera a “efetiva revogação da prática de separação” de crianças e pais identificados e capturados tentando imigrar ilegalmente para os Estados Unidos.
O órgão também recomendou aos membros dos consulados promover campanhas de esclarecimento sobre os riscos de cruzar a fronteira dos EUA ilegalmente e diálogo permanente com o governo estadunidense sobre temas consulares.
A separação das famílias havia sido determinado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, mas foi cancelado após novo decreto publicado por Trump nessa quarta-feira. Era forte a pressão no mundo inteiro e nos próprios Estados Unidos contra a medida, considerada anti-humanitária.
Brasileiros separados
Em entrevista concedida à Agência Brasil, o cônsul-geral adjunto do Brasil na cidade de Houston, Felipe Santarosa, afirmou que pelo levantamento do Itamaraty 49 meninos e meninas brasileiros estavam nesse tipo de instalação. Segundo ele, os dados foram repassados pelo governo dos Estados Unidos, mas não há detalhes acerca da idade das crianças nem da cidade em que estão abrigadas.
O comunicado do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS da sigla em inglês) informa apenas o nome do abrigo, sem especificar o endereço. A triagem para saber a nacionalidade da criança foi feita pelo governo norte-americano.
“O problema dessa comunicação é que simplesmente apresenta uma tabela com o nome da instituição onde está o menor, não dá nem nome da criança. Eu tenho essa informação muito geral, recebida de um oficial do DHS”, comentou o cônsul.
O cônsul informou que inicialmente tinha conhecimento de oito casos de crianças em abrigos e que essas informações chegaram por meio do contato de pessoas com o serviço de apoio a brasileiros no exterior. Ele acrescentou que recebeu nessa quarta-feira a informação de mais uma criança na mesma situação. Todos os nove casos foram comunicados à autoridade brasileira por parentes.
Santarosa disse que a preocupação inicial é colocar as famílias em contato. O trabalho será localizar as crianças, visitá-las e verificar as condições em que estão. Depois, o intuito é estabelecer contato com as famílias. Ele esclareceu que o governo não pode interferir na questão judicial dos Estados Unidos.
“O governo brasileiro não tem como pedir a libertação [dos pais e das crianças que imigraram ilegalmente para os Estados Unidos]. É como se você imaginasse que o governo norte-americano chegasse no Brasil e pedisse para soltar um preso norte-americano, não dá”, esclarece.