Coronavírus: passageiros reclamam de atrasos em viagens de ônibus em Itabira
Cisne fez mudanças nos itinerários para se adaptar à pandemia. Usuários relatam demora entre um coletivo e outro, mesmo após a flexibilização do comércio
Se as reclamações sobre o transporte público itabirano já eram constantes, no período de pandemia elas se intensificaram. Nos últimos meses, várias passageiros têm reclamado de atrasos e, até mesmo, ausências de alguns horários de ônibus. Eles alegam que as falhas ocorrem devido às mudanças feitas pela Transportes Cisne para se adaptar ao novo cenário do Coronavírus.
Indianara Silva é uma das insatisfeitas. Atualmente desempregada, ela costuma pegar o ônibus Bethânia, que passa em frente à sua casa, para se dirigir a outras regiões da cidade. Porém, tem sido comum para a itabirana aguardar por um longo tempo no ponto de espera.
“Tá demorando muito. Hoje (1º) mesmo o de 13h10 não passou, 13h40 não passou, 14h10 também não. Eu tive que pegar mototáxi para vir à rua. Eles falaram que iriam aumentar o horário, mas está é diminuindo. Lá em casa, até eu pegar um mototáxi, não subiu um ônibus sequer enquanto eu estava esperando”, relata Indianara.
Maria Auxiliadora tem passado pelo mesmo problema. Usuária da frota Santa Marta, ela também tem apelado a outros tipos de transportes quando sai do seu trabalho de doméstica no Caminho Novo. Tudo para evitar o transtorno de ficar muito tempo aguardando seu ônibus e demorar para chegar em casa.
“Quando eu largo serviço 18h não tem ônibus, só 19h25. Quando eu pegava o de 18h, chegava em casa 18h45, mas agora tô chegando quase 20h. Aí eu tenho que ir de mototáxi, gastando R$ 8, que é o dobro da passagem. Então tá muito complicado”, explica a doméstica.
Desde o dia 13 de agosto, o comércio de Itabira está em horário convencional, como antes da pandemia. Com isso, muitos trabalhadores precisam do transporte coletivo para se locomover. Alguns passageiros relatam ainda que, em determinados horários, os ônibus rodam cheios. Com as cadeiras ocupadas, resta aos usuários fazer a viagem em pé. Veja vídeo enviado à reportagem de DeFato Online por um internauta:
Adequação do atendimento
Segundo o gerente de operação e transportes da Cisne, Ely Almeida, como toda a arrecadação da empresa provém das tarifas pagas pelos usuários, é impossível manter os atendimentos como antes. Ele ainda diz que a queda do número de transportados é maior que o corte de veículos e horários.
“Como a queda dos passageiros foi muito grande, a adequação do atendimento foi de acordo com a demanda. A Cisne transportava uma média de 24 mil passageiros por dia antes da pandemia, e atualmente estamos transportando uma média de 8.500 (queda de 65%). A queda no número de transportados é muito maior que a redução de veículos, que foi de 25%. Aumentamos a oferta nos horários de pico e diminuímos no horário entre o pico”, afirma o gerente da empresa.
Ely Almeida também reconhece que existem falhas no serviço atualmente, mas ressalta que a Cisne possui total interesse em retomar os horários normais. De acordo com o gerente, os atrasos não estão relacionados às mudanças.
“A empresa está fazendo todo o possível para causar menor impacto no serviço prestado, mas reconhecemos que o atendimento ficou prejudicado. É de nosso total interesse retomar o atendimento com mais ofertas de horários e veículos, mas na atual situação é impossível fazer isto. Não há falta de ônibus, pelo contrário, temos carros parados, o problema é a falta de clientes. Não há atrasos relacionados com a redução, eles geralmente são causados por fatores externos, manutenção de vias, desvios”, conclui.
Para conferir os horários, assim como itinerários dos ônibus, clique aqui.
Impacto no transporte alternativo
Se por um lado existe uma queda nos serviços ofertados pela Cisne, por outro, os motoristas de transporte alternativo têm conquistado mais clientes. O Everton Bretas, por exemplo, havia visto seu lucro cair consideravelmente com a interrupção das aulas na Unifei Itabira. Segundo ele, o transporte dos estudantes representa cerca de 40% da sua renda. Parte do prejuízo pôde ser recuperado nos últimos meses.
“A falta do ônibus deixou o mercado diurno bem aquecido. O tempo todo as pessoas falam ‘o ônibus não tá passando, então aprendi a mexer no aplicativo’ ou ‘eu pedia minha filha, sobrinha ou neta para pedir motorista para mim, mas agora eu mesmo aprendi’”, detalha o motorista.
A exposição ao vírus também tem atraído clientes para o motorista de aplicativo e seus colegas. “Outras pessoas também têm nos procurado, principalmente, pelo risco do vírus. Uma grande fatia do mercado veio por medo de pegar o ônibus, já que ele está sempre cheio. Então tivemos o mercado aquecido por conta disso”, conclui Everton Bretas.