Coudet não erra ao poupar; Atlético erra ao planejar mal seu elenco
Técnico foi eleito um dos principais culpados pela eliminação na Copa do Brasil
Ainda há uma percepção geral de que o elenco do Atlético é um dos mais fortes do futebol brasileiro. Fenômeno causado por dois fatores: a força dos grupos montados pelo Galo nos últimos anos e a preguiça de muitos em acompanhar a realidade do clube de perto. Está nítido, desde o início de 2023, que o atual elenco atleticano tem muitas falhas.
Na primeira janela do ano, saíram peças como Nacho Fernandez, Jair, Keno, Sasha e Guga, importantíssimas nas recentes conquistas. Chegaram Saravia, Maurício Lemos, Edenilson, Igor Gomes, Paulinho, Patrick, Bruno Fuchs e outros jogadores. Destes, poucas unanimidades.
Por isso, acho raso culpar apenas Eduardo Coudet pela eliminação de ontem (31), na Copa do Brasil, contra o Corinthians. O Atlético tinha em seu radar três decisões pela frente. Além do jogo de ontem, há o clássico do próximo sábado (3) – ironicamente, talvez o jogo menos importante da sequência – e o confronto contra o Alianza Lima na terça-feira que vem (6).
Nada mais natural que o técnico argentino poupasse alguns dos seus atletas em uma determinada partida. A escolha pelo jogo desta quarta fazia sentido, já que o Galo possuía uma vantagem de dois gols para administrar.
Porém, voltamos às limitações do elenco. Hulk é extraordinário, mas a diferença técnica entre ele e Eduardo Vargas é tão grande quanto o talento do paraibano. E para além da má fase técnica que o acompanha há algum tempo, a personalidade apática do atacante chileno é pouco útil em jogos pegados como os de mata-mata.
Na lateral esquerda, Arana precisa voltar o quanto antes. Ontem, o titular foi Patrick, mas a função também já foi desempenhada por Dodô e Rubens, este o mais confiável, na opinião do colunista. Mas nenhum deles, de fato, oferece segurança à posição.
No meio campo, o Atlético conta com apenas dois jogadores “diferentes”. Um deles é Allan, lesionado há longo tempo e com futuro incerto no clube. O outro é Zaracho, dono de falha grave no segundo gol do Corinthians, mas ainda com muitos créditos junto ao torcedor. O restante, com todo respeito, é bem comum. Sair de Nacho e Jair para Edenilson e Igor Gomes, por exemplo, é uma decadência difícil até de se mensurar.
Na frente, o Atlético conta com seu ponto forte. Mesmo perdendo muitos gols, Paulinho é, sim, bom jogador e tem sido fundamental na Libertadores, por exemplo. Hulk dispensa comentários. Mas estamos falando de dois jogadores dentre outros 11. Quando se olha para as opções de banco, o cenário é complicado. Alan Kardec convive com lesões, Vargas já parece sem clima no clube e os jovens Isac e Cadu ainda precisam amadurecer muito, em todos os aspectos.
Uma realidade difícil de ser encarada, mas que não acontece por acaso. Em grave situação econômica, o Atlético mudou completamente seu grupo de jogadores para combater a bola de neve financeira que só cresce. Diante disso, o clube precisa encontrar respostas: ainda estamos falando do Galo soberano e competitivo dos últimos anos? Ou não seria o momento de ser menos ambicioso e juntar os cacos? Creio que o jogo de ontem respondeu às perguntas da forma mais traumática possível.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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