Crise internacional: Embaixador de Israel fala sobre o futuro da relação com o Brasil

A crise diplomática entre Tel Aviv e Brasília teve início em fevereiro de 2024, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez comparação do conflito em Gaza com o Holocausto

Crise internacional: Embaixador de Israel fala sobre o futuro da relação com o Brasil
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado/Flickr

O embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, em entrevista ao Metrópoles, falou sobre soluções para diminuir as tensões na relação entre o seu país e o Brasil.

Minimizando o episódio em que a Justiça brasileira pretendia investigar o soldado israelense Yuval Vagdani, em férias no Brasil, por crimes de guerra na Faixa de Gaza, atendendo solicitação da Fundação Hind Rajab (HRF), o embaixador disse que “não há espaço para tornar o caso um problema diplomático entre os dois países. Nossa ideia é diminuir as tensões, porque somos países amigos”.

A crise diplomática entre Tel Aviv e Brasília teve início em fevereiro de 2024, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez comparação do conflito em Gaza com o Holocausto. 

A repercussão da fala de Lula o tornou ‘persona non grata’ em território israelense.

Em contrapartida, o governo brasileiro retirou seu embaixador em Israel, num gesto que tipifica a redução de importância da relação entre as duas nações.

Yuval Vagdani chegou ao Brasil em 30 de dezembro de 2024 para uma temporada de férias, junto de amigos, em Morro de São Paulo, na Bahia.

Após identificar sua presença em território brasileiro, a Fundação Hind Rajab (FHR)  acionou a justiça local e pediu investigação contra o militar, acusado de participar da destruição de um bairro inteiro no corredor de Netzarim, na Faixa de Gaza.

A organização atua internacionalmente denunciando crimes cometidos contra os palestinos.

Vagdani deixou o Brasil logo após a repercussão do caso, orientado por uma mensagem de uma representação diplomática de Israel, sem que pudesse ser alvo de diligências da Polícia Federal (PF), e chegou ao seu país nas primeiras horas do dia 5 de janeiro.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel acionou sua embaixada em Brasília para acompanhar o caso até a rápida e segura partida do militar do Brasil.

O governo israelense criticou a decisão da Justiça brasileira e disse que Israel “está exercendo seu direito à autodefesa após o massacre brutal cometido pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.

O caso gerou reações do Parlamento israelense, e o congressista Dan Illouz ameaçou o Brasil por causa da decisão contra Vagdani.

“Israel não ficará de braços cruzados diante da perseguição de seus soldados, e se o Brasil não corrigir seus hábitos, pagará um preço”, disse na plataforma X.

Indagado pela reportagem do Metrópoles, sobre como o Brasil poderia sinalizar positivamente a Israel, Zonshine preferiu não entrar em detalhes sobre gestos ou atos, mas lembrou que o octogésimo aniversário da libertação do campo de concentração nazista de Auschwitz pode ser a oportunidade adequada para o caso.

A data será comemorada no dia 27 de janeiro, e marca o local que servia para extermínio de judeus, onde se estima tenham sido assassinados 1,1 milhão de pessoas.