Crise no mercado de veículos impede produção de 125 mil unidades em 2023

Devido ao cenário, algumas montadoras suspenderam suas atividades

Crise no mercado de veículos impede produção de 125 mil unidades em 2023
Foto: Agência Entre Aspas

Falta de semicondutores no mercado global e perda de poder aquisitivo do brasileiro afetam a comercialização de veículos no Brasil. Desde fevereiro, havia a expectativa de paralisação das montadoras, em virtude da escassez de equipamentos fundamentais na produção de automóveis.

Juntando-se à perda do poder aquisitivo do trabalhador brasileiro, não houve como driblar a crise, senão com a concessão de férias coletivas a cerca de 5 mil funcionários, nas duas principais montadoras do país, Volkswagen e GM (General Motors), desde a última segunda-feira (27).

Em 2022, as fábricas pararam por 36 vezes e deixaram de produzir cerca de 250 mil veículos. Para 2023, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima uma redução de 125 mil unidades a menos produzidos nas fábricas.

O Brasil é o oitavo maior produtor mundial de veículos. Especialistas acreditam que essa situação se deve ainda à pandemia do Covid, que causou o fechamento de fábricas na China, um dos poucos países que produzem peças. Tem carros que precisam de mais de 3 mil semicondutores em sua composição.

Diante do quadro, a Hyundai e a Stellantis optaram por dar uma pausa na produção e vão parar suas fábricas. A Hyundai já decretou férias coletivas aos funcionários desde 20 de março, com retorno às atividades programada para o próximo dia 3 de abril.

A Stellantis, desde o dia 22 de março, determinou férias coletivas dos funcionários do segundo turno da fábrica em Goiana (PE), que se estende até o dia 10 de abril. Na segunda-feira, a montadora paralizou também as atividades do primeiro e segundo turnos, com retorno no dia 6 próximo.

Segundo a Anfavea, a produção caiu 2.9% em fevereiro, em relação ao mesmo período de 2022. Neste mês, foram fabricados 161,2 veículos a menos, o menor número desde 2016. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, nega demissão em massa nas fábricas do país.

“Não acredito em demissão em massa. Nós temos uma oportunidade muito grande de crescimento, e isso foi apresentado inclusive com exportações, mercado local. O que limitava o nosso crescimento eram os semicondutores e hoje, a realidade é que a crise dos semicondutores está ficando para trás”.

Lima Leite defendeu estímulo à compra de veículos novos. “Há dois anos e meio, o mercado automobilístico vendia 70% a prazo e 30% à vista. Nesse mês, estamos vendendo 70% à vista e 30% a prazo. Isso significa que o consumidor está indo para o mercado de carros usados. Temos que ter uma atenção especial para voltar com esse mercado em patamares elevados”, disse a jornalistas.