Cruzeiro engoliu o Atlético em todos os quesitos: técnico, tático e físico
Raposa ignorou a diferença de investimento entre os dois times e teve grande atuação
Na tarde deste domingo (11), um fenômeno que andava meio sumido, cuja última aparição havia ocorrido no dia 7 de março de 2020, voltou a dar as caras: o clássico entre Cruzeiro e Atlético. Com um favoritismo claro como há muito não se via, o jogo colocava frente a frente o poderoso Atlético contra o combalido Cruzeiro.
Mas quem acompanha a coluna viu que, na semana passada, fizemos o alerta de que a recente evolução cruzeirense poderia diminuir a distância entre os dois times. Porém, a Raposa não só deu prosseguimento à sua curva de ascensão, como foi melhor que o rival durante praticamente todo o jogo.
Em poucos momentos da partida o Atlético conseguiu impor sua superioridade em campo. Quando esboçava fazer isso, tomou o belo gol de Airton, fruto de ótima troca de passes. PASSES. Algo muito valorizado pela equipe de Felipe Conceição nas últimas rodadas e um tanto ignorado pelos comandados de Cuca.
Desde o apito inicial, o Galo sofreu para construir uma saída limpa desde a sua defesa. Allan, um dos poucos que se salvaram no primeiro tempo, era quem dava alguma dinâmica no meio, acertando bons lançamentos. Mas era pouco.
Frente às compactadas linhas cruzeirenses e a marcação bem adiantada do adversário, o Atlético não encaixou seu jogo e só criou algo quando Nacho Fernández, um absurdo de jogador, deixou o chileno Eduardo Vargas na cara do gol duas vezes. E aí apareceram a genialidade de Fábio e a falta do senso artilheiro do atacante.
O Cruzeiro, pelo contrário, ia se soltando à medida em que percebia que seu adversário não era todo aquele bicho papão. Com boas combinações e jogadores próximos, esbarrava em suas próprias limitações e na atuação apagada (mais uma) do meia Marcinho.
No segundo tempo, quando o ex-jogador do Sampaio Corrêa entrou no jogo, ampliou sua superioridade e marcou um belo gol após recuperação de bola no campo de ataque e rápidos passes. Airton, que vinha mal há algum tempo, se redimiu, justamente, no jogo mais importante da temporada até aqui.
A partir daí, Felipe Conceição fez várias alterações, reforçou seu meio campo e recuou as linhas. Uma estratégia arriscada, mas que funcionou diante de um Atlético tão pouco inspirado.
Com a primeira fase do Campeonato Mineiro ainda em andamento, a insatisfação da torcida com Cuca já é grande. A impressão de muitos atleticanos é que o trabalho do ano passado vai se deteriorando a cada partida. O torcedor não quer um time pronto a essa altura da temporada, ele precisa de sinais de evolução. E isso não está acontecendo.
Ao contrário do Cruzeiro, que emenda sua terceira vitória seguida e parece melhorar a cada peleja. A defesa, que já havia ido bem na última temporada, continua firme na marcação e assume um papel fundamental na construção do jogo. Weverton, com apenas 18 anos, demonstra tranquilidade e categoria incomuns para alguém da sua idade.
No setor ofensivo, o 4-1-4-1 cruzeirense flui cada vez melhor. Pela direita, Bruno José, Cáceres e Matheus Barbosa já vinham funcionando bem recentemente, mas o mesmo não acontecia pela esquerda. Ontem a história foi diferente e o único gol da partida surgiu justamente por ali.
Mas seria ingenuidade dizer que o Cruzeiro, com investimentos muito mais modestos que seu rival, saiu vitorioso apenas por fatores técnicos e táticos. Na tarde deste domingo, estiveram no Mineirão uma equipe que parecia disputar um jogo de Copa do Mundo, e outra que encarou a partida como uma rodada qualquer de Campeonato Mineiro.
O resultado destas duas maneiras diferentes de encarar o clássico pode ser visto desde ontem. O Cruzeiro está em estado de graça com seu torcedor e vive, enfim, dias de tranquilidade. O Atlético ganhou uma pressão a mais no já contestado trabalho do seu treinador.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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